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Intoxicação por metanol: Ministério da Saúde cria sala de situação para monitorar casos

Total de casos registrados de agosto até esta quarta-feira (1/10) liga um alerta para a possível adulteração de bebidas alcoólicas

Orientação é evitar o consumo e compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal

O Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, instalou uma “Sala de Situação” para monitorar os casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica no Brasil e coordenar as medidas a serem adotadas.

Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) recebeu a notificação de 43 casos por esse tipo de intoxicação no país, sendo 39 em São Paulo (10 confirmados e 29 em investigação) e quatro casos em investigação em Pernambuco.

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Além disso, foram descartados quatro casos suspeitos. Foi confirmado um óbito em São Paulo, enquanto outros sete seguem em investigação (cinco em SP e dois em PE).

O total de casos registrados de agosto até esta quarta-feira (1/10) liga um alerta para a possível adulteração de bebidas alcoólicas. Até então, o Brasil contabilizava cerca de 20 casos de intoxicação por metanol ao longo de todo um ano, o que torna o atual cenário atípico.

“Nós estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país. A entrada da Polícia Federal no plano se deve à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa relacionada à adulteração de bebidas”, reforçou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A investigação dos casos em São Paulo está sendo conduzida pela Polícia Federal (PF) em conjunto com os órgãos de controle e vigilância, que já associam as ocorrências ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, segundo informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos comercializados.

Aos consumidores, a orientação é evitar o consumo e compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal.

Como funciona a sala de situação

A sala é um espaço onde a informação em saúde vai ser analisada sistematicamente por uma equipe técnica para caracterizar a situação de saúde da população intoxicada por metanol. A equipe vai planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem adotadas neste momento de Evento de Saúde Pública, devido aos casos registrados.

A equipe técnica será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, pelos conselhos Nacional de Saúde (CNS), Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Anvisa e as secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco.

A Sala de Situação é de caráter extraordinário e vai permanecer ativa enquanto persistirem o risco sanitário e a necessidade de monitoramento e resposta nacional à intoxicação por metanol após o consumo de bebida alcoólica.

Orientação aos estados para notificação imediata

O Ministério da Saúde enviou, nessa terça-feira (30), a todos os estados e municípios do país uma nota técnica orientando os estados e municípios a notificarem imediatamente todas as suspeitas relacionadas a esse tipo de intoxicação. A medida busca reforçar a vigilância e a resposta a casos suspeitos.

“Essa determinação é para que possamos identificar mais rapidamente não só o que está acontecendo no estado de São Paulo, mas também possíveis intoxicações em outros estados do país, a partir de comportamentos clínicos e epidemiológicos anormais”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A notificação imediata é fundamental também para garantir o cuidado adequado às pessoas. Assim que houver suspeitas, o profissional de saúde pode adotar as medidas mais apropriadas para casos de intoxicação por metanol. Também estimula a identificar onde o produto foi consumido para mapear os locais e acionar os órgãos de segurança.

A nota técnica do Ministério da Saúde orienta as ações dos serviços de saúde para uma condução adequada e comunicação dos casos, como:

  • Definição de caso
  • Aspecto clínico
  • Conduta frente ao caso suspeito ou confirmado
  • Vigilância e notificação dos casos

O caso é considerado suspeito quando o paciente, que ingeriu bebida alcoólica, apresenta a persistência ou piora de sintomas, como embriaguez persistente, desconforto gástrico e alteração visual, entre 12 horas e 24 horas após o consumo.

O antídoto específico para os casos confirmados de intoxicação por essa substância é o etanol produzido por laboratórios ou farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico. A administração, intravenosa ou oral, é sempre controlada. Quando há necessidade clínica, o Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto.

O Brasil conta com 32 CIATox, centros de referência especializada em toxicologia para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de apoio à toxicovigilância e à gestão de risco químico. Em São Paulo, há 9 centros.

Além da nota técnica, o ministério da saúde disponibiliza o protocolo de notificação de caso suspeito de intoxicação exógena no Guia de Vigilância em Saúde.

Sobre metanol

O metanol é altamente tóxico e pode levar à morte. Entre agosto e setembro deste ano, o estado de São Paulo notificou 17 casos de intoxicação por metanol, sendo: 6 confirmados, 10 em investigação e 1 descartado. Normalmente, o Brasil registra 20 casos por ano.

Sintomas de intoxicação

Os principais sinais e sintomas devido a intoxicação por metanol são dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea que podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância.

Diante desses sintomas, o paciente deve procurar o atendimento médico no serviço de emergência mais próximo a sua casa para investigação diagnóstica e tratamento adequado. O profissional de saúde deve ligar para o CIATox da sua região para que o serviço de saúde faça a notificação e a investigação do caso.

Com informações do Ministério da Saúde

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