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Em julgamento, Paulo Cupertino nega ter matado ator Rafael Miguel e seus pais

Após cinco anos, começa o primeiro dia do júri popular; o acusado, que ficou 3 anos foragido, é julgado por triplo homicídio

O primeiro dia do julgamento de Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel, em 2019, aconteceu nessa quinta-feira (29), no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Dois amigos de Cupertino também são réus. Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado são acusados de tê-lo ajudado a fugir e se esconder após o crime.

Segundo a Justiça de SP, o sorteio dos jurados, composto por 4 mulheres e 3 homens, aconteceu por volta das 11h.

Estava prevista, no cronograma, a participação de 9 testemunhas: 1 de acusação, 3 comuns entre o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Paulo Cupertino, 3 testemunhas defesa de Cupertino e duas testemunhas da defesa de Wesley, porém, duas testemunhas de defesa cancelaram a participação.

A sessão começou com um dos depoimentos mais aguardados do dia, a filha de Cupertino, Isabela Tibcherani Matias, que falou por quase uma hora.

Ela descreveu que o pai não aceitava seu namoro com o ator Rafael. O depoimento aconteceu sem a presença do réu — um pedido da filha à Justiça.

Após uma pausa para o almoço, no início da tarde, prestaram depoimento Maria Gorete, irmã da mãe de Rafael, considerada testemunha de acusação, e na sequência falou Vanessa Camargo, mãe da Isabela.

Vanessa, a ex-mulher, disse que Cupertino era violento e que, no dia do crime, ouviu de dentro de casa os disparos que vinham da garagem.

Elas já tinham sido ouvidas em outubro do ano passado, na primeira tentativa de julgamento, mas o júri acabou dissolvido, pois, na época Cupertino demitiu o advogado dele na ocasião.

Na sequência e na ordem prestaram depoimento Camila Patrícia Miguel, irmã mais velha de Rafael; Jose Vitor Silva, testemunha de defesa de Cupertino; Maria Quitéria de Oliveira, ex-esposa do Cupertino, também pela defesa do réu, e a sétima testemunha, Angela Evangelista de Souza da defesa de Wanderley Antunes, o amigo que ajudou Cupertino na fuga.

Já no início da noite, por volta das 18h30, o réu, Paulo Cupertino, começou a depor. Muito agitado, precisou ser interrompido pelas advogadas de defesa.

Em depoimento, disse: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”.

Paulo Cupertino foi preso três anos depois do crime, em 17 de maio de 2022, quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa, num hotel em São Paulo.

Quase no final da noite, os dois amigos que auxiliaram na fuga de Cupertino, Wanderley Antunes e Eduardo José Machado, também prestaram depoimento.

Segundo TJSP todas as testemunhas previstas foram ouvidas nessa quinta-feira.

O julgamento deve terminar nesta sexta-feira (30), com os debates de acusação e defesa.

Relembre o caso

No dia do crime, 9 de junho de 2019, Isabela, filha de Cupertino, estava na casa de Rafael Henrique Miguel, seu namorado. Ela alega que o pai não aceitava o relacionamento e tinha comportamento agressivo e possessivo com sua família.

Sabendo que Cupertino estava à procura de Isabela, os pais de Rafael resolveram levá-la para casa e aproveitar a oportunidade para conversar com o pai da moça sobre o relacionamento dos filhos, numa tentativa de conciliação.

Ao chegarem na casa de Paulo Cupertino, segundo o depoimento da filha, o acusado puxou a filha para dentro e retornou à porta com a arma em punho e efetuou diversos disparos contra Miriam, Rafael e João, que morreram.

Paulo Cupertino fugiu do local e se encontrou na rodoviária da cidade de Sorocaba com o amigo Wanderley, que é acusado de o ajudar a fugir do Estado. Eduardo também teria ajudado na fuga, emprestando dinheiro e comprando passagem para que Paulo fugisse para Ponta Porã (MS).

O Ministério Público ofereceu a denúncia e 16 de junho de 2020 e o mandado de prisão foi expedido em 19 de junho de 2020.

Paulo Cupertino permaneceu foragido até que foi capturado em 16 de maio de 2022.

Atualmente o réu está preso no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos II.

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