O Conselho Federal de Odontologia (CFO), uma autarquia pública, afirma sem vítima de golpe de R$ 40 milhões de um empresário paulista após investir em um negócio de montagem de cadeiras.
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Denúncias de dentro do CFO indicam que um membro da gestão na época dos investimentos teria viabilizado a transação financeira com dinheiro da autarquia pública no esquema de pirâmide. Contribuições mensais de dentistas e profissionais da odontologia pararam na empresa do possível responsável pelo esquema de pirâmide.
Denúncia
O ex-presidente do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG), Raphael Motta, denuncia a gestão do Conselho Federal.
“O conselho fez um investimento que é proibido para autarquias federais. Órgãos públicos não podem investir em uma empresa e em ações, por exemplo. Eles só podem investir em fundos com rentabilidade garantida”, afirmou Motta. “Isso foi intermediado porque um sócio do presidente atual do Conselho Federal de Odontologia já fazia negócios com essa holding e com Flávio Batel”.
CFO se pronuncia
Em nota enviada à reportagem, o Conselho Federal de Odontologia admite que houve investimento na empresa do empresário nas gestões de 2018 a 2021 e de 2022 a 2024.
Por iniciativa do então presidente, iniciou tratativas com instituições financeiras para criar linhas de crédito especiais naquela época para profissionais da área que tinham dificuldade financeira durante a pandemia.
O órgão afirma que houve devolução por parte do empresário da Solstic de R$ 8 milhões. O restante se tornou uma dívida nunca quitada e cobrada judicialmente. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e o Ministério Público Federal (MPF) também foram procurados pelo conselho.
O CFO alega que foi vítima de um golpe financeiro elaborado por Flávio Batel e suas empresas e que tudo está documentado em ação judicial e diz lamentar que pessoas mal intencionadas e com objetivos escusos estejam utilizando o episódio para desestabilizar a entidade.
A entidade assegura que a atual gestão faz apurações internas e auditorias sobre o caso.
Presidente do CFO se pronuncia
O atual presidente do Conselho Federal de Odontologia, Cláuio Miyake, disse à reportagem em nota enviada via assessoria do CFO que, na época da operação financeira, não ocupava cargo ou função vinculada à decisão do conselho de investir no empreendimento do empresário, não teve relações com as prestações de contas e nem sabia sobre os investimentos.
Cláudio Kubota se pronuncia
Confira o posicionamento enviado à Itatiaia pela assessoria de imprensa do empresário Carlos Kubota, acusado de ter intermediado os investimentos do Conselho Federal de Odontologia na Solstic Capital Investimentos e Participações Ltda:
“São absolutamente falsas as acusações de que o empresário Carlos Kubota ou qualquer de suas empresas tenha recebido pagamentos pela intermediação de negócios entre o Conselho Federal de Odontologia (CFO) e a Solstic Capital, Investimentos e Participações Ltda.
Kubota conheceu o dono da Solstic Capital, Investimentos e Participações Ltda., o sr. Flávio Battel, que faleceu em novembro em 2024, e fez investimento em sua empresa. Mas não conseguiu recuperar os valores investidos, sendo mais uma das muitas vítimas das atividades desse senhor.
O empresário Carlos Kubota se solidariza com todas as vítimas e se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos que possam ajudar a elucidar as fraudes que afetaram muitas pessoas físicas e jurídicas no país”.
Escritório de Flávio Batel se pronuncia
O escritório de advocacia que representou o empresário Flávio Batel, a Hofling Sociedade de Advogados, disse em nota que Flávio tirou a própria vida em novembro do ano passado, e, com isso, boa parte dos inquéritos foi arquivada. Batel passou por dificuldades financeiras após a pandemia, quando o negócio de montagem de cadeiras decaiu, em 2022. Um Acordo de Não Persecução Penal com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) estava prestes a ser concluído com as vítimas, mas Flávio faleceu antes.