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PF desmantela esquema de tráfico internacional por veleiros; 26 pessoas são presas

Rede de transporte marítimo levava cocaína do Brasil para a África e a Europa; esquema foi revelado após revelações de marinheiro preso com três toneladas da droga

Entre os alvos da operação está o contador Rodrigo Morgado, dono da Quadri Contabilidade, preso por porte ilegal de arma

A Polícia Federal prendeu 26 pessoas nesta semana suspeitos de integrar uma organização criminosa que utilizava veleiros para transportar toneladas de cocaína do Brasil à África e à Europa. As investigações apontam que o grupo cruzava o Oceano Atlântico em embarcações de pequeno porte, em rotas clandestinas alimentadas por apoio logístico, financeiro e estruturas de fachada.

Entre os alvos da operação está o contador Rodrigo Morgado, preso por porte ilegal de arma. Morgado ficou nacionalmente conhecido em 2022, quando sorteou um carro em uma festa da empresa em que trabalhava e, posteriormente, tomou o prêmio da funcionária vencedora, alegando descumprimento de regras. Na época, o episódio gerou grande repercussão. Agora, ele é apontado como um dos apoiadores do tráfico, responsável por financiar e auxiliar na estrutura do esquema. Em nota, Morgado afirmou estar à disposição da Justiça para comprovar a origem lícita de seus recursos.

O início das apurações se deu após a delação de Flávio Fontes, ex-integrante da equipe do navegador Amyr Klink e experiente marinheiro, preso com três toneladas de cocaína no litoral africano. Flávio havia participado de expedições à Antártica, mas, em 2021, aceitou transportar drogas em troca de R$ 1 milhão.

Travessias

Em sua primeira travessia, partindo de Ilhabela em 2022, Flávio embarcou no veleiro Vela 1 sem carga, e recebeu a droga em alto-mar. Após 36 dias, a carga foi entregue nas Ilhas Canárias, mas acabou apreendida pela polícia espanhola. Ele escapou da prisão naquela ocasião. Já na segunda tentativa, em 2023, foi interceptado pela Marinha dos EUA no veleiro Lobo IV, com nova carga de três toneladas. Preso na Flórida, ele teve a pena reduzida após colaborar com a investigação.

A Polícia Federal aponta Leandro Cordasso, advogado de Limeira (SP), como o contratante direto de Flávio. Registros mostram 179 contatos via telefone satelital entre os dois durante as viagens. Flávio também afirmou que recebeu pagamentos por meio de contas em nome de parentes e amigos.

Outro suspeito

Outro nome-chave é Marco Aurélio de Souza, conhecido como “Lelinho”, apontado como o coordenador logístico do grupo. Ele seria o responsável por manter as embarcações e por empresas de fachada que davam cobertura ao esquema. A PF suspeita que Lelinho e Leandro tenham ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ambos foram presos.

A defesa de Marco Aurélio nega qualquer vínculo com o tráfico de drogas ou com a facção criminosa.

*Sob supervisão de Lucas Borges

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Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas