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Juiz que usou nome falso por 40 anos agiu por ‘questão existencial, familiar e triste’

Advogado Alberto Toron, que defende Edward Albert Lancelot / José Eduardo Franco dos Reis, questiona suspensão do pagamento de aposentadoria ao magistrado

Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield ou José Eduardo Franco dos Reis, nome de batismo

O juiz que usou nome falso por 40 anos agiu por uma “questão existencial, familiar e triste”, segundo o advogado Alberto Toron, que cuida da defesa de José Eduardo Franco dos Reis. José adotou o nome de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, com o qual foi membro da magistratura em São Paulo e assinou milhares de decisões.

Toron afirma que a mudança de nome feita por José / Edward será explicada em detalhes à juíza responsável pelo caso, que corre em segredo de justiça. Ele falou neste sábado (19) à CNN Brasil.

José Eduardo foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo ao judiciário por uso de documento falso e falsidade ideológica. Ele também teve o pagamento de sua aposentadoria suspenso pelo TJ-SP depois que o caso veio à tona.

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Punição questionada

Para o advogado, ainda que a ação do juiz seja questionável, ele não cometeu nenhum crime. Toron afirma que só haveria falsidade ideológica se o cliente tivesse vantagem indevida ou ilícita, o que não aconteceu nesse caso. “Não houve nenhuma vantagem indevida que ele tivesse obtido com essa troca de nomes”, afirmou.

Suspensão do pagamento

Toron também questiona a suspensão do pagamento da aposentadoria de José Eduardo / Edward. O advogado afirma que juiz efetivamente trabalhou, proferiu sentenças e despachos, sendo considerado um magistrado exemplar, sem faltas disciplinares em seu histórico. Para ele, independente do nome usado, ele cumpriu os requisitos para a aposentadoria.

Relembre o caso

José Eduardo Franco dos Reis adotou o nome fictício de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield. Sob essa nova identidade, prestou vestibular, estudou Direito na USP na década de 80 e anos depois se tornou juiz. A dupla identidade só foi descoberta quando ele tentou tirar uma segunda via de uma carteira de identidade e uma inconsistência entre as impressões digitais foi apontada pelo sistema.

Edward Albert Lancelot teria sido criado em setembro de 1980, quando Reis conseguiu tirar um RG com o nome falso. No documento, constava que ele era filho de Richard Lancelot Canterbury Caterham Wickfield e Anna Marie Dubois Vincent Wickfield, família de origem britânica.

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