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Justiça analisa caso de estudantes de medicina que zombaram de paciente transplantada

Investigação foi concluída e ação penal deve seguir por iniciativa da família da jovem exposta

Estudantes de medicina Thaís Caldeiras Soares Fofffano e Gabrielli Farias de Souza prestaram depoimento na última segunda-feira (14)

As estudantes de medicina Thaís Caldeiras Soares Fofffano e Gabrielli Farias de Souza prestaram depoimento após publicarem um vídeo no TikTok comentando de forma ofensiva o caso de uma paciente transplantada. Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, faleceu dias depois por insuficiência renal.

As estudantes prestaram depoimento na segunda-feira (14) no 14º Distrito Policial (Pinheiros). O caso foi registrado como injúria e encaminhado à Justiça, que agora deve remeter o caso ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Vitória Chaves faleceu no dia 28 de fevereiro, por insuficiência renal, após um histórico delicado de saúde que incluía três transplantes cardíacos realizados desde a infância. A jovem estava internada no Instituto do Coração (Incor), onde as estudantes realizavam estágio e recebiam R$ 8,5 mil cada.

‘Paciente abençoada’

No vídeo publicado e depois removido no dia 8 de abril, Thaís aparece comentando: “Essa menina está achando que tem sete vidas”, em referência ao histórico de transplantes de Vitória. Questionada sobre a frase, ela alegou que a intenção era destacar a raridade e a resistência da paciente. “Tratar-se de uma moça abençoada, algo realmente muito raro”, disse em depoimento.

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Thaís acrescentou que não conhecia pessoalmente a paciente e que não teve acesso ao prontuário médico. “Jamais quis zombar da paciente”, afirmou, explicando que o vídeo foi publicado com o intuito de discutir um caso clínico mencionado durante o estágio, sem identificação da jovem.

“O vídeo tinha como objetivo o caso, e não a paciente”

Gabrielli, que também aparece nas imagens, reiterou que seu objetivo era apenas comentar o caso médico que havia sido citado por professores. “Nunca quis ofender ninguém”, disse, reforçando que não sabia o nome da paciente nem teve contato direto com ela. “O estágio apresenta esse tipo de caso: o vídeo tinha como objetivo o caso e não a paciente”.

Ambas afirmaram que a repercussão negativa não era esperada e que a exposição do conteúdo foi retirada assim que perceberam a gravidade da situação.

Segundo o Código Penal, o crime de injúria tem pena prevista de seis meses a um ano de detenção, mas raramente resulta em prisão em regime fechado. A responsabilização criminal das estudantes agora depende do Judiciário.

* Sob supervisão de Enzo Menezes

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Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas