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Trend do ‘boneco na caixa’, feita com IA, levanta alerta sobre uso indevido de dados

Especialista em segurança da informação destaca os riscos de ceder imagens pessoais para ferramentas que utilizam inteligência artificial

Carolina Dieckmann e Adriane Galisteu na trend

A tendência de criar action figures (bonecos) personalizados com auxílio da inteligência artificial tem movimentado as redes sociais, despertando a curiosidade de muitos usuários.

No entanto, o que parece uma brincadeira inofensiva pode representar riscos reais à segurança digital, como alerta a professora do departamento de Computação do CEFET-MG, Sílvia Calmon, mestre em Ciências da Computação e especialista em segurança da informação.

Segundo ela, é preciso atenção ao compartilhar dados pessoais com ferramentas digitais, especialmente aquelas que parecem ser gratuitas.

“Ao utilizar essas ferramentas que para a gente parece que são gratuitas, devemos lembrar que os nossos dados são, na verdade, o pagamento para que possamos usa-las”, explica.

A professora destaca que a maioria dessas plataformas realiza coleta massiva de informações e que, ao utilizá-las, o usuário já está, na prática, concordando com o uso dos seus dados.

“Se a gente simplesmente vai lá e usa, nós já estamos concordando que sim, que os nossos dados serão usados para alimentar essas bases de dados dessas ferramentas. Sejam esses dados escritos, fotos, áudio, qualquer coisa que a gente entrega para essas ferramentas.”

No caso dessa trend, que exige o envio de várias fotos do rosto, Silvia chama atenção para a sensibilidade dessas informações.

“Você está entregando ali as feições, o seu rosto, os seus traços, as proporções dos elementos no seu rosto. E existem os sistemas de reconhecimento de face, e esses sistemas vão também se utilizar desses dados”, afirma. Ela lembra ainda que esse tipo de coleta não é novidade e já ocorre há anos, por meio de redes sociais como Facebook e Instagram.

De que maneira os dados são utilizados?

Silvia reforça também a importância de discutir coletivamente como os dados são utilizados e armazenados por essas plataformas. Ela conta que a primeira coisa a se fazer é ter consciência de que os dados pessoais são uma forma de moeda nesse mundo tecnológico.

É importante ter uma discussão em geral na sociedade com relação a essa questão: como que esses dados podem ser usados?

Outro ponto levantado pela professora é o risco de vazamento de informações pessoais, que pode gerar consequências sérias.

“O vazamento de dados é um problema que a gente tem muito comum hoje em dia. Então, se esses dados caírem em mãos erradas, quem serão os responsáveis por isso? As plataformas são responsabilizadas? normalmente não são’’.

    * Sob Supervisão de Enzo Menezes

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    Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas