Se você usou as redes sociais nos últimos dias é praticamente impossível não ter se deparado com a nova tendência do momento: fotos transformadas em um desenho no estilo “Studio Ghibli”, estúdio de animação japonês que criou filmes como “A Viagem de Chihiro” e “Meu Amigo Totoro”.
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Ao mesmo tempo que a tendência viralizou, muitos usuários se questionaram se é mesmo correto criar imagens que imitam um estilo consagrado e detentor de direitos autorais através da inteligência artificial. Especialistas em tecnologia ouvidos pela Itatiaia discutem os limites da IA na arte e o quão seguro é fornecer fotos pessoais para participar de brincadeiras do tipo.
Quais os riscos de fazer a trend?
O especialista em inteligência artificial e educação, Tiago Belotte, explica que o responsável pela criação dessas “artes” é o novo gerador de imagens do Chat GPT, o Dall-E 3, lançado na semana passada. Segundo ele, a funcionalidade não fere a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), já que o próprio usuário autoriza o uso da sua imagem, mas é preciso cautela.
A professora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Michele Nogueira, também chama atenção para outros usos perigosos das fotos cedidas pelos usuários.
Os limites da IA e os direitos autorais
Para treinar o Chat GPT a gerar os desenhos no estilo do Studio Ghibli, Belotte acredita que a empresa tenha usado imagens originais do estúdio.
Apesar do debate de qual é o limite do uso da inteligência artificial na criação de artes, os especialistas são enfáticos em dizer: nenhuma tecnologia é capaz de substituir o ser humano quando o assunto é criação.
“Essa é uma discussão que tá acontecendo entre artistas sobre a produção de imagem via IA. Por mais que você crie uma imagem ou reproduza como o Studio Ghibli, não foi por isso que o Studio Ghibli fez sucesso, né? Não foi pela estética. Foi pela criatividade, pela intenção por trás, por todo o conjunto da obra. Então, nenhuma obra se resume só a estética”, afirma Belotte.
“Dificilmente acho que elas vão substituir por completo as imagens criadas por artistas em si. A questão da criatividade do traço, da sensibilidade do humano, isso é difícil desses modelos reproduzirem”, afirma Nogueira.