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Caso Vitória: suspeito diz que foi coagido por delegado a confessar o crime

“Falou que ia colocar a minha mãe na cena do crime, ia colocar minha esposa, ia colocar minha família toda, se eu não ajudasse”, diz o homem na gravação

Após ter confessado ser o único autor da morte da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo, Maicol Santos, que está preso, disse à sua defesa que foi coagido por um delegado a confessar.

A fala está em um áudio feito por seus advogados,e divulgado pela TV Globo, que analisam a possibilidade de usar a gravação para pedir à Justiça a anulação da confissão, já que também não participou dela.

Na conversa, Maicol diz não saber o nome do delegado que o coagiu a confessar o homicídio de Vitória. “Por volta de 10h [22h], eles me chamaram lá em cima, na sala lá em cima e falaram que ia, que o delegado ia me f*... de qualquer jeito. De qualquer jeito ele ia me f*. Aí pegou, falou que ia colocar a minha mãe, falou que ia... colocasse minha mãe.. o... a, na cena do crime. Falou que ia colocar minha esposa, ia colocar minha família toda, se eu não ajudasse, se eu não cooperasse, ele ia colocar minha família toda. Aí eu peguei e inventei uma história e falei que fui eu para eles me livrar, livrar minha família”, relata o homem.

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A Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) informou que esteve na delegacia de Cajamar depois de ser acionada pelos advogados do caso, que relataram dificuldades de acesso ao preso e aos autos do inquérito policial.

Já a Secretaria da Segurança Pública informou que o depoimento de Maicol foi legal. E que a polícia gravou a confissão do suspeito em vídeo na presença de uma advogada chamada pelos policiais.

Reconstituição do crime

A Polícia Civil de São Paulo solicitou ao Instituto Médico Legal a reconstituição do crime, a fim de “esclarecer todas as circunstâncias em que ele ocorreu”. O delegado de Cajamar, onde ocorreu o crime, mudou de ideia e decidiu fazer a reconstituição.

Em entrevista coletiva na semana passada, a Polícia Civil afirmou que o caso estava esclarecido e, praticamente, encerrado. Agora, os investigadores acham prudente remontar o quebra-cabeça para tirar algumas dúvidas.

A decisão também foi tomada após a defesa de Maicol Santos, principal suspeito do assassinato, afirmar que não reconhece a legalidade da confissão do cliente. A defesa de Maicol também criticou a solicitação de perícia psiquiátrica do preso feita pela Polícia Civil de Cajamar.

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Yuri Cavalieri é jornalista e tem mais de 12 anos de experiência em rádio e televisão. Formado pela Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, onde nasceu, começou a carreira na Rádio Bandeirantes, empresa na qual ficou por mais de 8 anos como editor, repórter e apresentador. Ainda no rádio, trabalhou durante 2 anos na CBN, como apurador e repórter. Na TV, passou pela Band duas vezes. Primeiro, como coordenador de Rede para os principais telejornais da emissora, como Jornal da Band, Brasil Urgente e Bora Brasil, e repórter para o Primeiro Jornal. Em sua segunda passagem trabalhou no núcleo de séries e reportagens especiais do Jornal da Band. Agora é correspondente da Itatiaia em São Paulo.
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