O policial militar aposentado Carlos Alberto de Jesus, de 61 anos, afirmou em depoimento que atirou em Igor Melo, repórter e estudante universitário, após ele sacar uma arma para assaltar sua esposa. No entanto, o revólver e o celular da mulher não foram encontrados.
Em depoimento obtido pela Folha de S. Paulo, o PM contou que deixou sua companheira na Rua Irani, na Penha, e foi comprar pizza. Quando estava sozinha, a mulher teria sido abordada por dois homens em uma moto, que levaram o celular dela.
Carlos afirmou que pegou o carro e foi procurar os assaltantes com a ajuda da mulher. Ele alega que a esposa identificou a moto onde estava Igor como sendo a dos suspeitos.
Segundo o PM, ele abordou a dupla e se identificou como policial. Nesse momento, ele diz que percebeu que Igor sacou uma arma e, por isso, disparou duas vezes contra ele. Apesar das alegações, a polícia não encontrou a suposta arma e nem o celular que teria sido roubado com o repórter.
O suspeito ainda disse que Igor e Thiago Marques, condutor da moto, correram e pularam um viaduto. Outros carros teriam parado e afirmado que a dupla teria feito um arrastão. A esposa de Carlos confirmou a versão apresentada pelo marido à polícia.
Família nega versão: ‘Igor é um estudante, um trabalhador’
Segundo informações da família, após ser baleado, Igor ligou para colegas de trabalho que o levaram até o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A polícia foi até a unidade de saúde para prender Igor, que é mantido internado sob custódia. O motorista da moto também foi preso.
A prima de Igor, Pâmela Carvalho, afirma que Igor foi atingido pelas costas e passou por cirurgia. “Perdeu o rim e está com o estômago e o intestino bastante afetado”, disse.
“O Igor é um homem negro, estudante de Publicidade e Propaganda da Faculdade Celso Lisboa onde ele também trabalha como inspetor e, para complementar a renda, ele trabalha como garçom na Batuque Casa de Samba. Todo esse caso aconteceu porque uma senhora foi assaltada e ela, junto com seu marido, um policial da reserva, resolveram fazer justiça com as próprias mãos”, lamentou Pâmela.
“Viram o meu primo, um homem negro em cima de uma moto, e acharam que ele e o rapaz que estava pilotando a moto, poderiam ter envolvimento com o assalto. O Igor é um estudante, um trabalhador, um pai, um irmão, um filho, um primo, que sequer tem passagem pela polícia”, completou.