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PM que jogou jovem de 25 anos de ponte matou homem com 12 tiros em caso arquivado

Antes de jogar o jovem do alto de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, os policiais militares haviam dispersado um baile funk que terminou com um homem baleado, segundo testemunhas; 13 policiais foram afastados das ruas e estão sendo investigados.

Soldado da PM Luan Felipe Alves Pereira, envolvido no caso.

O soldado da Polícia Militar que jogou um jovem de 25 anos de uma ponte durante uma abordagem na Zona Sul de São Paulo, já foi indiciado por homicídio após uma ocorrência em que um homem foi morto com 12 tiros. O caso que aconteceu no ano passado, aconteceu em Diadema, na Grande São Paulo.

O soldado Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, teve o caso arquivado em janeiro deste ano depois que o Ministério Público mostrou favorável ao arquivamento alegando que houve legítima defesa do policial durante troca de tiros. O juiz aceitou o pedido. Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema. Nesta quarta-feira (4), a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo pediu, à Justiça Militar, a prisão do agente.

Agora, a Justiça Militar analisa o pedido de prisão preventiva e decretou sigilo no inquérito.

A vítima, Marcelo do Amaral, de 25 anos, caiu dentro de um córrego, de uma altura de três metros. Testemunhas afirmam que o jovem conseguiu sair sozinho da água, mas estava ensanguentado e desnorteado, dizendo apenas que tinha batido com a cabeça. Cerca de 15 pessoas teriam tentado se aproximar de Marcelo para socorrê-lo. No entanto, os policiais teriam impedido a ajuda. “Os policiais não deixaram. Eles mandaram todo mundo sair”, disse uma das testemunhas ouvidas pelo portal UOL.

Pedido de prisão e o que aconteceu durante abordagem

O pedido de prisão de Luan tem seis páginas, no documento, o oficial responsável pelo caso narra o início da ocorrência, com a perseguição a motociclistas. Logo depois ele destaca cinco fotos feitas a partir de câmeras de segurança, que mostram a parte final da ação, quando o homem é jogado do alto da ponte.

Ao ser questionado sobre a cena, o soldado se reconhece e diz que “a projeção seria realizada ao solo”, ou seja, que o objetivo era jogar o homem no chão. Ainda narrando o caso, o responsável pelo inquérito se dirige diretamente ao juiz: “Excelência, não há como acolher as declarações apresentadas pelo investigado, pois as imagens largamente difundidas e materializadas no presente feito demonstram conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a integridade de outrem e fazer cumprir a lei”, segundo a TV Globo.

Os crimes inicialmente imputados ao soldado são lesão corporal e violência arbitrária, todos previstos no Código Penal Militar. O encarregado do inquérito termina dizendo que a prisão é a única forma de retomar a hierarquia e a disciplina e manter a ordem pública e social.

Investigação e pedido do MP

Ainda no processo, o Ministério Público abriu uma investigação sobre o caso. A determinação foi da Procuradoria Geral da Justiça. O Gaesp, Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial pediu a Polícia Civil para encaminhar, em 24 horas, a cópia de todos os boletins de ocorrências e das perícias solicitadas.

Além disso, a Promotoria solicitou que à Corregedoria da PM prove, em até cinco dias, que afastou os policiais envolvidos e que tenha instaurado um inquérito militar.

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O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, também publicou um vídeo informando que havia determinado o afastamento imediato dos agentes. Segundo Derrite, os policiais foram colocados em funções administrativas na Corregedoria da PM até que os fatos sejam apurados.

“Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas anti profissionais. Policial não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, afirmou Derrite.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse, em uma rede social, que o policial militar que “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não está à altura de usar farda.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.