Depois de seis pessoas serem contaminadas com o vírus HIV após receberem órgãos transplantados, um dos delegados responsáveis pela investigação do caso, André Neves, apontou que houve negligência na realização dos testes com o propósito de aumentar os lucros do laboratório responsável pelas análises - o PCS Laboratórios. Cerca de 300 pessoas receptoras de órgãos estão sendo testadas novamente.
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“Os reagentes precisavam ser analisados sistematicamente diariamente e houve uma determinação que estamos apurando para que fosse diminuída essa fiscalização semanalmente”, aponta Neves. O delegado afirma que essa modificação foi feita para diminuir os custos das análises: “Quando você diminui o custo, você aumentou o risco. Então quem for responsável por isso nós já estamos apurando e será devidamente responsabilizado”, afirma.
Outros contaminados
Além das seis pessoas confirmadas, segundo o delegado Welington Vieira, outras 300 receptoras estão sendo testadas novamente.
“Em relação a outros possíveis contaminados é uma resposta que o Central de Transplantes vai dar. Todas as pessoas que foram receptores de órgãos estão sendo testadas, em torno de 300 de pessoas. Isso demanda um pouquinho de tempo, começou a ser feito, mas ainda não terminou”, esclarece.
O caso
Um caso inédito na história do Brasil aconteceu neste ano no Rio de Janeiro: seis pacientes transplantados foram contaminados com HIV após receberem órgãos infectados com o vírus.
A situação só foi descoberta quando um dos pacientes procurou atendimento médico no Rio no dia 10 de setembro e testou positivo para o vírus. Contudo, antes do transplante, o paciente havia recebido o resultado do exame negativo. A Secretaria de Saúde foi notificada e iniciou a investigação, que constatou que os doadores estavam doentes.
Assim que o caso foi descoberto, os serviços da clínica foram interrompidos e, desde então, o Hemorio realiza os exames. O laboratório tinha 39 irregularidades como falta de licença para funcionar, amostras de sangue sem identificação, material biológico armazenado em geladeira comum, ar-condicionado sem funcionamento, funcionários sem treinamento, entre outros.
O caso é investigado pela Polícia Federal.
Sócio preso
Um dos responsáveis pelo laboratório, Walter Vieira, foi preso nesta segunda-feira (14) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele, que é ginecologista, assinou um dos laudos com o falso negativo. Vieira é tio do deputado federal Dr. Luizinho (PP), ex-Secretário de Saúde do RJ. Além dele, Ivanildo Fernandes dos Santos, responsável técnico do laboratório, também prestou depoimento na delegacia do consumidor, na zona norte do Rio.