Após seis pessoas receberem órgãos contaminados com HIV depois que os exames dos doadores deram falsos negativos, uma mulher revelou ao portal G1 que também foi vítima das análises do laboratório PCS Lab. Diferente dos outros casos, o exame de Tatiane Andrade deu falso positivo logo após ela dar à luz a filha dela.
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Por causa do resultado equivocado, a bebê recém-nascida precisou receber tratamento para soropositivos por 28 dias. Além disso, Tatiane também não pôde amamentar a pequena Gabrielle, que nasceu prematura de sete meses. Ela teve que tomar um remédio para secar o leite.
Diante da situação, Tatiane desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático por achar que tinha contraído vírus, além de acreditar que poderia ter contaminado a filha e o esposo. “Eu só me desculpava para o meu esposo falando que eu não fiz nada e pedia desculpa pra ele se caso o tivesse contaminado.”, contou.
O resultado do exame saiu no dia 19 de setembro de 2023 e o laudo foi assinado por Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, preso nesta segunda-feira (14) pela Operação Verum, da PF. Ele também assinou os laudos falsos negativos que resultaram na contaminação de transplantados que receberam órgãos de doadores HIVs positivos.
Pouco tempo depois de receber a notícia, Tatiane resolveu fazer mais testes na maternidade para confirmar se estava, ou não, com o vírus. Contudo, na época, ela não recebeu os resultados desses exames e, por isso, procurou outro laboratório.
Foram 26 dias desde o falso positivo até o dia que Tatiane conseguiu provar que não estava contaminada com o vírus HIV. Ela ainda tentou acessar aos resultados dos exames feitos no hospital, mas a instituição se negou a passá-los a Tatiana. Em seguida, ela tentou retirar os exames no PCS Lab, de Nova Iguaçu. “Fui na sede de Nova Iguaçu e me disseram que não era meu direito pegar o resultado. Só depois que ameacei processar e chamar a imprensa que emitiram meu resultado, em janeiro desse ano”, afirmou.