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Incêndios provocam situação de calamidade pública em Ribeirão Preto e mal-estar na população; entenda

Situação neste domingo (25) está um pouco melhor porque uma chuva fina cai sobre a cidade, mas serviços alguns essenciais continuam suspensos

Mais de quarenta cidades em todo o Estado estão em situação de emergência

Os incêndios nos canaviais de Ribeirão Preto (SP) e cidades vizinhas, nos últimos dias, invadiram as áreas urbanas provocando situação de calamidade pública e afetando a saúde da população que sofre com o medo e a dificuldade para respirar. Parte dos moradores ficou sem água e energia elétrica.

A prefeitura de Ribeirão Preto (SP), que tem cerca de 700 mil habitantes, decretou a suspensão de todas as atividades esportivas ao ar livre, incluindo os jogos de futebol profissional marcados para o fim de semana. Os serviços públicos de saúde estão com sobrecarga de 60% em função das pessoas que procuraram as unidades médicas com problemas respiratórios; os shoppings fecharam às 18h, o aeroporto suspendeu pousos e decolagens e nem os aplicativos de entrega de comida - como o I-Food - funcionaram. A orientação da prefeitura foi para que todos ficassem em casa.

“A suspensão inclui as atividades anteriormente autorizadas pelo Poder Público, incluindo os campeonatos de futebol profissional e maratonas”, informou o decreto assinado pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB). Segundo ele, o que tem ‘salvado’ a cidade são os planos de contingência elaborados, justamente, para o enfrentamento de episódios de seca e queimadas. “ Está sendo algo totalmente fora do comum. Foi a maior quantidade de incêndios registrados em 20 anos de série histórica”, disse Nogueira.

Moradora disse que a paisagem parecia ‘cena de filme’

A advogada Tatiana Ribeiro, que nasceu na cidade vizinha de São Carlos, mas mora em Ribeirão Preto, desde criança, contou à reportagem da Itatiaia que nunca tinha visto nada parecido. “No meio da tarde, olhei pela sacada da minha varanda e parecia que eu estava vendo uma cena de filme. De repente, o céu ficou preto, o cheiro de fumaça tomou conta de tudo e o ar que já estava seco, ficou insalubre. Respirar ficou difícil. Na tentativa de amenizar, espalhamos toalhas úmidas pela casa e ligamos o umidificador, mas não adiantou muito. Tinha até fuligem dentro do meu apartamento”, relatou.

Tatiana contou ainda que até os serviços de entrega por aplicativo pararam de funcionar. “Pedi um sorvete e fui informada de que, temporariamente, as atividades haviam sido suspensas. Ficamos ilhados em casa”. Hoje (25) a situação melhorou um pouco, porque, de acordo com ela, uma chuvinha fina está caindo na cidade desde cedo.

Tatiana fez fotos da vista “antes e depois” dos incêndios, da sacada do apartamento do namorado no bairro Jardim São Luís

Orplana disse que incêndios são criminosos

A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) expressou, em nota, repúdio aos incêndios em propriedades rurais na região e classificou os episódios como ‘criminosos’. “Os produtores de cana-de-açúcar e as usinas não são os responsáveis pelos incêndios e, sim, atuam para afastar o fogo de suas produções”, disse em nota.

A organização destaca que seus associados seguem as diretrizes do Protocolo Agroambiental - Etanol Mais Verde, que proíbe o uso de fogo na colheita de cana no Estado de São Paulo. A entidade lembrou ainda que as queimadas prejudicam não apenas o meio ambiente e a segurança das pessoas, mas também a rentabilidade dos produtores rurais.

No meio da tarde de ontem, o dia virou “noite” em Ribeirão Preto

Prefeito disse que há filmagens de pessoas ateando fogo no mato seco

O prefeito Duarte Nogueira lembrou que incêndios podem ser provocados desde por bitucas de cigarro jogadas em rodovias até pelo aumento da intensidade de luz solar que, ao passar de forma translúcida por vidros, acaba dando origem às chamas.

No entanto, admitiu que atos criminosos já foram detectados. “Temos imagens de concessionárias que mostram pessoas, de forma deliberada e criminosa, colocando fogo em mato seco em algumas regiões da nossa cidade. A gente está colocando a polícia em cima delas”.

São muitos os impactos causados pelos incêndios:

  • Morte de animais;
  • Desmatamento de florestas;
  • Poluição respiratórias à população;
  • Prejuízos econômicos;
  • Impactos Sociais;

Qual é a penalidade para quem causar incêndio?

De Acordo com o Decreto Lei 2.848/40, Art. 250 – Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou patrimônio de outrem: Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.