João Ricardo Reis Lessa, investigado por suspeita de discriminação racial contra Pedro Jorge da Rocha, afirmou em depoimento que não o chamou de ‘Chimpanzé' com intenção de ofender. Rocha, que é negro e trabalha como motorista na Amazul teria recebido xingamentos de cunho racista ao entregar um documento para Lessa.
O capitão alegou que ele não teria usado a palavra para remeter a uma questão racial. “O declarante esclarece que usou a expressão ‘chimpanzé adestrado’ em relação a Pedro Joge [“Da Rocha”] mas não de cunho racial, apenas fazendo referência a alguém que realiza uma tarefa simples de forma automatizada”, consta o registro da delegacia.
Ao portal G1, Gabriel de Alencar Machado, advogado de defesa de Lessa, afirmou que a situação foi esclarecida e que o cliente afirma que não cometeu racismo. Com as investigações instauradas, o capitão pediu desligamento da Amazul, empresa estatal de energia nuclear da Marinha.
Entenda o caso
Há cerca de dois meses, Lessa, que era o superior direto de Rocha, teria pedido que o cabo buscasse um documento em um outro setor da Amazul. Contudo, quando o capitão viu o anexo trazido por Rocha, Lessa teria iniciado os ataques.
“Quando ele chegou, ele virou assim: ‘quem deixou esse documento?’ Eu falei: ‘Eu’. ‘Vem aqui, ô seu chimpanzé. Você não sabe ler, não?’. ‘Você é um não-verbal, um chimpanzé, um animal que não sabe ler’. Aí eu fiquei meio sem entender. [o capitão teria continuado] ‘Tira essa p* aqui da minha mesa’. Ele falou desse jeito”, contou Rocha.
Após as denúncias, a Amazul informou que abriu uma investigação interna para apurar os fatos. A situação também é investigada pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Testemunhas confirmaram que Lessa teria chamado Rocha de “Chimpanzé adestrado, que não pensa”.