Dia primeiro de 1º maio de 2024. Quarta-feira à noite. O Governo do Rio Grande do Público publicou uma edição extra do Diário Oficial do Estado. No documento, o Governador Eduardo Leite (PSDB) decretou
A chuva que começou no dia 27 de abril, se intensificou no dia 29, as primeiras mortes foram registradas no dia 30 e no primeiro 1º de maio, há exatos dois meses, o cenário piorou de maneira drástica.
Os temporais que começaram em Santa Cruz do Sul, na Região dos Vales, passaram a provocar alagamentos e deslizamentos em diferentes pontos do Estado. Chovendo, com ventos e correntezas fortes, a Itatiaia acompanhou, de perto, o trabalho de voluntários, que deixaram o conforto de suas casas, para se arriscar salvando pessoas, que, em muitos casos, tiveram que subir para o teto da casa.
Em meio à tantas dificuldades, o trabalho voluntário chama atenção, com várias pessoas se arriscando para ajudar os próximos. “Se colocar no lugar do próximo, saber que poderia ser você nesta situação”, conta o voluntário João Mateus.
O volume de água aumentou intensamente nas bacias dos rios do Sinos, Taquari, Caí, Pardo e Gravataí. Em quatro dias, os temporais causaram estragos em 114 dos 497 municípios do Estado. Em menos de uma semana, as tempestades mataram dez pessoas e afetaram outras 19 mil.
Com a força da chuva e a velocidade das inundações, muita gente foi surpreendida com a água já dentro de casa. Neste primeiro, o trabalho de voluntários foi fundamental para salvar vidas. A nossa reportagem estava a bordo de um dos barcos de resgate.
Os transtornos começaram no interior do Estado, mas em poucos dias depois, chegaram à região metropolitana de Porto Alegre. Em várias áreas, só era possível ver o segundo andar das casas.
Resgates
Neste local, em Canoas, onde nós acompanhamos esse resgate, a água passou por cima dos diques de quatro metros, as estruturas de proteção da cidade não suportaram e entraram em colapso.
Em Porto Alegre, comportas e casas de bomba não foram suficientes para segurar a força da água. Bairros tradicionais da cidade foram completamente alagados. Peixes e até jacaré foram flagrados nadando em meio a cidade, uma das capitais mais importantes do país. A água superou os dois metros em bairros importantes para a economia da cidade como o Cidade Baixa e o Menino Deus.
A Itatiaia estava na Avenida Getúlio Vargas, em Porto Alegre, quando a água baixou e o cenário era de destruição. Emocionados, os empresários eram obrigados a jogar os móveis danificados no canteiro central da avenida. Aos poucos, os sonhos de uma vida se transformavam em lixo na calçada.
A proprietária hamburgueria Bauru, a empresária Andréia de Sá, disse que nunca viu algo parecido. “Estamos há 30 anos e é a primeira vez que vemos algo neste nível. Não sei o que vai me sobrar para recomeçar o atendimento. Perdemos os freezers”, conta Andréia.
Desafio da recuperação
Dois meses depois, a nossa reportagem voltou a Porto Alegre para saber o que foi e que precisa ser feito. O executivo gastou R$ 100 milhões de reais para limpar a cidade.
Mas os desafios que vem pela frente são bem maiores. Em entrevista à Itatiaia, o prefeito Sebastião Melo (MDB) afirmou que vai precisar de R$ 12 bilhões de reais para reconstruir a cidade. O problema é que o orçamento de 2024 da capital gaúcha para todas as despesas, é de 11 bilhões e meio de reais. Com esses números, a conta não vai fechar.
“Além de deixar de faturar, as empresas perderam seus estoques nas áreas atingidas. E você tem uma crise econômica perfeita: diminuiu a arrecadação, não podemos cobrar o IPTU e o ICMS cairá também. O orçamento de Porto Alegre é de R$ 11,5 bilhões para este ano, eu entreguei um documento ao presidente Lula que aporta R$ 12 bilhões para várias demandas da cidade”, conta o prefeito.
Na terça-feira (, no segundo capítulo da série especial, a Itatiaia vai contar com as chuvas impactaram no sistema de infraestrutura do Rio Grande do Sul. A situação do principal aeroporto do estado, que ficou debaixo da água, e das estradas que foram destruídas pelos temporais.