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Argentina começa a julgar brasileiro que tentou matar Cristina Kirchner

Caso aconteceu dia 1° de setembro de 2022, quando Fernando Sabag Montiel, aproximou-se da ex-presidente da Argentina e engatilhou uma arma várias vezes, sem conseguir efetuar os disparos

A Justiça argentina inicia, nesta quarta-feira (26), o julgamento pela tentativa de homicídio de Cristina Kirchner ex-presidente da argentina em 2022, quando o brasileiro Fernando Sabag Montinel disparou o gatilho a centímetros do rosto dela, em uma tentativa fracassada de assassinato que chocou a sociedade e rompeu um limite político.

A arma de calibre 38 estava carregada com cinco balas, mas falhou, e a vice-presidente não foi ferida. A Polícia Federal argentina, que estava cuidando da segurança de Cristina, deteve Montiel rapidamente. A vice da Argentina contava com uma equipe de segurança de 100 policiais federais.

O julgamento centra-se nos três acusados – o agressor, a sua ex-namorada e o empregador de ambos como vendedores ambulantes –, sem abordar supostos ideólogos ou possíveis apoios financeiros, pistas que a ex-presidente Kirchner pediu para serem investigadas e que fazem parte de um processo paralelo.

“O julgamento chega com uma investigação incompleta porque ainda precisamos saber muitas coisas sobre as verdadeiras motivações e se houve outras pessoas envolvidas”, disse um dos advogados de Kirchner, Marcos Aldazábal.

O advogado considerou em todo o caso que será “muito importante conhecer o contexto de como as coisas aconteceram”, algo que espera que venha à luz durante as audiências que ocorrerão todas as quartas-feiras em um processo que pode durar até um ano e contará com mais de 300 testemunhas, incluindo a própria Kirchner.

Quem são os acusados?

Ao todo, três pessoas são acusados pelo crime: Sabag Montiel, Brenda Uliarte e Nicolás Carrizo. Os três foram presos preventivamente após o ataque.

Brenda Uliarte era namorada do brasileiro na época e foi acusada de ser coautora da tentativa de homicídio. Conversas entre os dois que permitiram entender completamente o plano elaborado para matar a ex-presidente argentina, foram encontradas por policiais locais.

Dia após o ataque, a Polícia Federal informou que ela apagou os dados do celular de Fernando ao tentar desbloquear o aparelho para extrair informações.

Além disso, segundo o jornal “Clarín”, apesar de Uriarte ter dito publicamente que não via Montiel dois dias antes do ataque, imagens de câmeras de segurança mostram o casal junto no transporte público no dia do ataque à vice-presidente. Em setembro de 2022, ela foi presa na Argentina.

No início da investigação, Sabag Montiel afirmou que fez o ataque sozinho, em uma suposta tentativa de inocentar a namorada. “Eles (Polícia Federal) estão inventando uma história. Brenda Uliarte não teve nada a ver com isso”.

Quanto a Nicolás Carrizo, o homem era amigo do casal e liderava da chamada “banda de los copitos”, vendedores ambulantes de algodão-doce, serviço que Sabag e a namorada declaravam exercer.

Segundo o jornal “La Nación”, a Polícia Federal encontrou mensagens no celular de Carrizo que comprovavam que ele tinha ciência do ataque. Tanto que ele chegou a fornecer uma pistola de calibre 22, que acabou não sendo a usada.

A então vice-presidente chegou a pedir à justiça, sem sucesso, que o trio fosse investigado por suposto vínculo a pessoas próximas do ex-presidente Mauricio Macri.

Quem é o brasileiro suspeito de tentar matar Cristina Kirchner?

O documento do brasileiro obtido pela Polícia Federal argentina mostra que ele nasceu em São Paulo, mas que não é filho de brasileiros e vivia desde a década de 1990 no país vizinho, para onde se mudou aos seis anos.

Os registros comerciais afirmam que o brasileiro tem autorização para atuar como motorista de aplicativos na Argentina e tem um carro em seu nome. Sabag Montiel já recebeu uma advertência por ser detido em 2021 por pote ilegal de arma. Na ocasião, Montiel levava uma faca de 35 centímetros de comprimento. Segundo a imprensa argentina, ele disse aos policiais que a faca era para “defesa pessoal”.

Informações da polícia argentina, segundo a BBC e veículos de imprensa locais, apontam que Montiel possui tatuagens com símbolos nazistas, além de se identificar em suas redes sociais como Fernando ‘Salim’ Montiel e era seguidor de grupos como ‘comunismo satânico’, entre outros ‘ligados ao radicalismo e ao ódio’, como definiu o portal do jornal La Nación, de Buenos Aires.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.
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