Ouvindo...

Quando é o Dia dos Namorados? Saiba a diferença entre a data brasileira e o ‘Valentine’s Day’

Data brasileira foi criada pelo publicitário João Doria em 1948

O Dia de São Valentim celebra o amor em 14 de fevereiro, principalmente nos EUA, mas não tem repercussão no Brasil; entenda

Seja em campanhas publicitárias ou em publicações nas redes sociais, quando se aproxima do dia 12 de junho, brasileiros apaixonados só pensam em uma coisa, o Dia dos Namorados. A data que representa para muitos uma chance de demonstrar amor pelo parceiro, no Brasil, não nasceu de forma espontânea, mas, sim, pelo esforço de um publicitário.

O nome do responsável pela data comemorativa é João Doria, dono da agência Standart Propaganda. Em 1948, ele foi contratado pela Clipper, uma loja de departamentos, para aumentar o número de vendas do mês de junho - uma época que costumava ser fraca para os comerciantes. Foi então que ele surgiu com uma campanha publicitária com os seguintes slogans: “Não é só com beijos que se prova o amor!” e “Não se esqueçam: amor como amor se paga”.

A ação foi um sucesso e impactou o comércio na época - o que fez com fosse decretado o mês de junho como o mês dos namorados. Próximo ao dia 13 de junho, data reservada para Santo Antônio, famoso por realizar o desejo daqueles que querem se casar, o dia escolhido para representar os amantes foi 12 de junho.

Para a especialista em tendências, Raquel Sodré, também há outra razão para a data ser celebrada em junho no Brasil. “Vários países do mundo comemoram o Dia dos Namorados. Mas, em muitos deles, a data é em 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Como já disse Jorge Ben Jor, no Brasil, ‘em fevereiro tem Carnaval’. Por isso, a data foi ‘migrada’ para um mês em que não havia outros grandes eventos para competir. Mas, o significado continua o mesmo: celebrar as relações amorosas”, explica

Por que os brasileiros aceitaram tão bem a proposta de João Doria?

Raquel Sodré destaca que a população brasileira é muito apegada às coisas, aos produtos. E, um dos motivos desse comportamento está na dificuldade acesso a itens de uma forma geral. “Basta lembrar, para quem tem mais de 30 e poucos anos, da escassez em que vivíamos nas décadas de 1980 e início dos anos 1990. Havia inúmeras coisas — de roupas a eletrônicos, passando por discos, cosméticos e até alimentos — que as pessoas só conseguiam comprar se fizessem uma viagem internacional”, reflete.

Por isso, os atos comprar e consumir produtos sempre tiveram uma conexão muito forte com a ideia de status social. “No Dia dos Namorados, dar um presente significa não só dar capital simbólico ao parceiro ou à parceira, mas também afirmar o seu próprio lugar de status, de quem consegue ter acesso àquele determinado bem que está presenteando ao outro”, esclarece.

Por isso, a data foi tão bem aceita por brasileiros, em geral.

Leia também

Dia dos Namorados x Valentine’s Day

Nos Estados Unidos, há uma data semelhante ao Dia dos Namorados do Brasil, o “Valentine’s Day”. Celebrado todos anos em 14 de fevereiro, os americanos também trocam presentes e homenagens durante essa data, no entanto, apesar do foco romântico, amigos e familiares também podem ser prestigiados nesse dia.

A data americana, diferentemente da do Brasil, possui origens antigas e não se sabe ao certo quando nasceu a tradição. A enciclopédia Britannica aponta duas origens para a data, a primeira é de que o “Valentine’s Day” é uma adaptação da festa romana Lupercália, que acontecia no meio de fevereiro. Nela, os romanos organizavam um festival para garantir a fertilidade, proteger a cidade e espantar os maus espíritos.

Já a segunda teoria sobre a origem do “Valentine’s Day” é justamente celebrar a vida de São Valentim, santo que dá origem ao nome da festividade. Reza a lenda, que quando Valentim ainda era padre, ele desafiou as ordens do imperador Cláudio II, o Gótico, e casou secretamente alguns casais para poupar os esposos da guerra. Dessa forma, a data é associada com o amor.


Participe dos canais da Itatiaia:

Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento