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‘Tio Paulo': caso semelhante terminou com acusada inocentada e com direito à pensão do idoso; relembre

Caso aconteceu em 2020 em Campinas; companheira levou idoso de 92 anos em uma cadeira de rodas, amarrado na cintura com um lençol a uma agência bancária

‘Tio Paulo': caso semelhante terminou com acusada inocentada e com direito à pensão do idoso

As atenções estão voltadas para o caso do “tio Paulo”, o idoso levado morto pela própria sobrinha a uma agência bancária no Rio de Janeiro, na terça-feira (16), para pegar um empréstimo de RS 17 mil. Mas o que muita gente não sabe, é que um caso semelhante também chamou a atenção no Brasil, em 2020 e com desfecho.

Na ocasião, o idoso de 92 anos, Laércio Della Colleta, foi levado morto pela companheira Josefa de Souza Mathias, hoje com 61 anos, também a uma agência bancária, porém em Campinas, no interior de São Paulo, para fazer o procedimento anual para comprovar que a pessoa que recebe algum benefício de longa duração do INSS está viva, “a prova de vida”, necessária para sacar a aposentadoria.

Laércio era policial civil aposentado, e viveu há mais de dez anos com Josefa. O mais impressionante, é que a mulher conseguiu se livrar da denúncia na Justiça e ainda conquistou o direito de receber pensão. O caso foi arquivado em 2021 e em 2023, a mulher conseguiu o direito.

Na época, Josefa levou o idoso de 92 anos, a uma agência do Banco do Brasil no centro da cidade, em uma cadeira de rodas, amarrado na cintura com um lençol. Ela foi investigada por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver - quando se trata um corpo de maneira desrespeitosa - sendo a mesma acusação no qual Érika de Souza Vieira Nunes, sobrinha de “tio Paulo”, está sendo investigada.

Na época, Josefa levou o idoso de 92 anos, a uma agência do Banco do Brasil no centro da cidade, em uma cadeira de rodas, amarrado na cintura com um lençol.

Em depoimento à polícia, Josefa disse que levou Laércio ao banco para realizar prova de vida a fim de conseguir a senha da conta bancária do companheiro, que havia perdido a sequência. A defesa da mulher, alegou que o idoso estava vivo naquela manhã do dia 2 de outubro e começou a passar mal dentro da agência, vindo a falecer.

A segurança do banco acionou o Corpo de Bombeiros, que tentou reanimar o idoso, mas constatou que ele já estava morto e um dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que atendeu a ocorrência ficou desconfiado porque o corpo já estava com rigidez.

Dois vizinhos que acompanharam o casal até a agência afirmaram que Laércio reclamava de dor antes de sair de casa e que começou a “babar” e “ficar amarelo” no caminho até o banco, mas Josefa não quis levá-lo ao hospital. O exame pericial, contudo, apontou que o policial aposentado havia morrido de causas naturais horas antes da ida ao banco.

Laércio Della Colleta aparece à esquerda da foto e Paulo Roberto Braga, de 68 anos, o “tio Paulo” à direita da foto; ambos foram levados morto a uma agência bancária em São Paulo.

O Ministério Público pediu à Justiça o arquivamento do inquérito, e o pedido foi aceito em fevereiro de 2021.

“Trata-se de crime de furto cuja consumação se mostra impossível. É mais do que evidente que não tinha intenção de desrespeitar o cadáver, mas sim de usar tal como meio fraudulento. Apesar de reprovável, a conduta não caracteriza crime contra o respeito aos mortos”, diz um trecho da decisão.

A advogada Andreza Amador, que representou Josefa, disse que a decisão foi correta, uma vez que seria impossível concretizar o crime de furto mediante fraude e obter vantagem econômica com um morto. “Foi uma decisão justa e perfeita”, afirmou.

Com o caso arquivado, Josefa foi à Justiça para ter reconhecido o direito à pensão por morte de Laércio.

Quem era Tio Paulo

O tio Paulo, como ficou conhecido, se chamava Paulo Roberto Braga, de 68 anos, e era motorista de ônibus. Ele tinha quatro irmãos, que moravam em outros estados e com quem ele praticamente não tinha contato. Paulo morava com Erika e três dos seis filhos dela em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Tio Paulo passou os últimos dias de vida em uma garagem improvisada como quarto. O senhor ficou conhecido, após Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, levar o idoso até uma agência bancária, para sacar RS 17 mil em empréstimo. No entanto, ele estava morto.

Os parentes apontam que, nas suas últimas semanas de vida, já estava bastante debilitado e mal conseguia andar.

Os parentes contaram ainda que a piora no quadro de saúde ocorreu devido ao consumo de bebida alcoólica. Nas últimas semanas de vida, ‘Tio Paulo’ já estava bastante debilitado e tinha muita dificuldade para andar. Erika era responsável por boa parte dos cuidados dele.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.