A Polícia Internacional (Interpol) deve colaborar com a Polícia Federal (PF) no trabalho de identificação dos nove corpos encontrados em um barco à deriva em Bragança, no litoral do Pará. O órgão brasileiro vai acionar o órgão internacional para que o trabalho seja feito em conjunto, já que os exames de amostras de DNA e arcadas dentárias realizados até o momento não apresentaram resultados definitivos.
Os laudos serão encaminhados para a Interpol, que, por sua vez, vai pedir ajuda a alguns países africanos para tentar descobrir quem eram as pessoas encontradas mortas e já em decomposição na embarcação. Os celulares encontrados com os corpos ficaram molhados por muito tempo e, por isso, os investigadores acreditam que não vão conseguir muitas informações por meio do aparelho.
Apesar de apenas nove corpos terem sido encontrados no barco, os investigadores acreditam que pelo menos 25 pessoas estavam sendo transportadas, já que foram encontradas 25 capas de chuva e 27 celulares. A embarcação tem capacidade máxima entre 30 e 40 passageiros.
O que se sabe até aqui
As investigações da Polícia Federal apontam que o barco com corpos encontrados na costa do Pará tinha como destino às Ilhas Canárias, na costa da África Ocidental. A informação foi confirmada à Itatiaia por fontes na PF.
As Ilhas Canárias, que fazem parte do arquipélago espanhol, são consideradas porta de entrada para migrantes que buscam acessar ilegalmente no continente europeu.
A embarcação foi encontrada no dia 13 de abril na costa paraense. Nove corpos estavam dentro do barco que estava à deriva. A PF suspeita de que ao menos 25 pessoas estariam no barco, após terem encontrado 25 capas de chuva dentro da embarcação.
Como o barco foi localizado sem motores ou qualquer sistema de propulsão, especialistas em oceanografia afirmam que a embarcação pode ter sido impulsionada por correntes marítimas e ventos do Oceano Atlântico, que a trouxeram da costa africana para o litoral brasileiro. A distância percorrida supera os 4.000 km.
As novas informações reforçam a suspeita da PF de que as mortes possam estar associadas ao crime de contrabando ilegal de imigrantes.
Documentos localizados pela Polícia Federal apontam que a embarcação com corpos localizada à deriva na costa do Pará estava na Mauritânia, na África, no dia 17 de janeiro deste ano.
Outras documentações apontam que vítimas da Mauritânia e Mali estavam na embarcação. Apesar disso, a PF não descarta que pessoas de outras nacionalidades estivessem na embarcação.
