Com repercussão nacional, o crime mobilizou a população brasileira durante 96 dias. Wellington de Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, foi sequestrado no dia 16 de dezembro de 1998, em Goiânia, por quatro homens armados.
O caso veio à tona nessa segunda-feira (22), após a Polícia Militar de Goiás (PMGO) em conjunto com a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prender um dos sequestradores do irmão da dupla sertaneja, durante uma operação contra o tráfico de drogas internacional, em Guapó (GO).
Suail Nascimento de Souza, um dos responsáveis por manter Wellington Camargo em cativeiro por mais de 90 dias em 1998, foi abordado durante uma operação que apreendeu mais de meia tonelada de drogas, na BR-060.
O sequestrador estava foragido desde dezembro de 2020, quando escapou da Penitenciária Estadual de Dourados (MS) por um buraco aberto embaixo do canil da penitenciária, onde trabalhava diariamente no serviço de manutenção. O criminoso cumpria pena por tráfico de entorpecentes e estava na penitenciária do Mato Grosso do Sul desde 2005. Ele tinha dois mandados de prisão por roubo a banco, com penas de mais de 36 anos.
Sequestro em 1998
Vítima de uma poliomielite aos dois anos, Wellington de Camargo é cadeirante e foi sequestrado por quatro homens armados. Ele permaneceu 94 dias sobre o poder dos criminosos escondido em um cativeiro, em uma chácara, a 27 quilômetros de Goiânia.
O sequestro de Wellington durou mais de três meses. Ele foi levado por homens armados de dentro de sua casa em 16 de dezembro de 1998. Na madrugada do dia 13 de março de 1999, Wellington Camargo teve parte da orelha cortada e enviada para uma emissora de TV, com um bilhete pedindo agilidade no pagamento. Na época, exames confirmaram que a orelha era do músico.
Na madrugada do dia 13 de março de 1999, Wellington Camargo teve parte da orelha cortada e enviada para uma emissora de TV, com um bilhete pedindo agilidade no pagamento.
Já em 21 de março de 1999, os criminosos pediram inicialmente US$ 5 milhões de resgate, mas reduziram para US$ 300 mil. O valor foi pago em 20 de março. No dia seguinte, Wellington foi deixado pelos sequestradores em um buraco, a 150 metros de uma estrada, entre Goiânia e Guapó, na Região Metropolitana. Wellington foi encontrado pelo operário Donizete Vieira e seu irmão Aparecido Vieira, que passavam em uma motocicleta pelo local. Os dois viram ele, que é paraplégico, acenando de dentro do matagal. Eles pararam a moto e Wellington se identificou.
Ainda de cordo com o boletim médico da época, Wellington estava “em péssimo estado de higiene, fisicamente enfraquecido e com o estado emocional alterado”. Os sequestradores não tiveram com ele nenhum ato de piedade. O seu estado geral é péssimo. Ele foi abandonado para morrer”, disse o médico Francisco Lobo, diretor clínico que cuidou do irmão da dupla sertaneja.
Já em 21 de março de 1999, os criminosos pediram inicialmente US$ 5 milhões de resgate, mas reduziram para US$ 300 mil.
Três dias após o pagamento do resgate, no dia 23 de março de 1999, sete dos acusados de sequestrar Wellington Camargo foram presos em Campo Grande (MS), entre eles, Ozélio de Oliveira. Os outros três integrantes da quadrilha foram presos alguns dias depois.
No total, 23 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao sequestro foram presas. Dois criminosos ainda estavam foragidos, e o ‘Linha Direta’ exibiu suas fotografias para que o público pudesse ligar e oferecer pistas dos seus paradeiros: Tatiane Martins de Souza, mulher de Osmar, e Ademir Francisco de Oliveira, o negociador do sequestro.
Na época, o delegado Eurípedes Fonseca, responsável pelo caso, Wellington disse que no cativeiro comeu biscoito e frutas e era sempre vigiado por quatro ou cinco pessoas. Aos médicos, ele disse que ficou encapuzado boa parte dos 94 dias e que era constantemente ameaçado de morte.