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Afilhado de Marcola é condenado por planejar morte de promotor que investiga PCC

Gabriel Nekis Gonçalves, de 30 anos, escreveu um bilhete ordenando a morte do promotor de Justiça Lincoln Gakiya; servidor foi ameaçado após pedir a transferência de Marcola para presídio federal e frustrar plano de resgate

Gabriel Nekis Gonçalves, de 30 anos, foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou, na segunda instância, Gabriel Nekis Gonçalves, de 30 anos, por planejar a morte do promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC (Primeiro Comando da Capital) desde 2006. O réu é apontado como afilhado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção.

Em agosto de 2023, Gabriel foi condenado pelo crime na primeira instância. A Justiça determinou que o réu cumprisse uma pena de 13 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. Em 11 de março deste ano, desembargadores do TJSP confirmaram a decisão.

De acordo com a Justiça, em 21 de outubro de 2021, agentes penitenciários encontraram uma carta, escrita por Gabriel, ordenando que o promotor fosse morto. Na época, o réu estava preso na Penitenciária Presidente Bernardes, no interior de São Paulo. Ele estava indo encontrar sua advogada quando foi submetido a uma revista pessoal. A carta foi encontrada dentro de um invólucro plástico, em formato cilíndrico.

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‘Esse lixo de promotor tem que morrer’

O bilhete, escrito à mão, dizia: “este lixo de promotor tem que morrer esta semana”. Em outro trecho, o réu informou o endereço do “paiol” da organização criminosa, local onde são armazenadas as armas do PCC.

Em recurso contra a sentença, a defesa de Gabriel questionou a imparcialidade dos juízes envolvidos no julgamento, alegando que eles eram amigos pessoais do promotor ameaçado e que, portanto, desejavam a condenação do réu.

A defesa também questionou o fato de Gakiya se sentir ameaçado pelo bilhete. “O promotor relatou em juízo que é muito ameaçado e já perdeu a conta de quantas cartas ‘ameaçadoras’ já tomou conhecimento em seu desfavor. Portanto, não teria sido essa carta ou bilhete dos autos, que após mais de dois anos, teria incutido-lhe extremo medo e pavor real. Francamente”, disse a defesa.

Afilhado de Marcola

Segundo a denúncia, no fim do bilhete, estão os nomes dos autores da carta. Gabriel está identificado como “afilhado do M. Maior”, apelido dado a Marcola, líder do PCC.

Promotor ameaçado descobriu plano para resgatar Marcola

Gabriel teria dado a ordem para matar Gakiya, depois que o promotor descobriu o plano da facção para resgatar integrantes do PCC da prisão. Um deles seria Marcola.

De acordo com a denúncia, o plano era audacioso e o grupo gastaria milhões de dólares para concretizá-lo. O dinheiro seria gasto com organização da logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal na Bolívia.

A facção planejava cercar o Batalhão da Polícia Militar, impossibilitando o voo do helicóptero Águia, e atacar a subestação de energia elétrica de Presidente Venceslau, com o objetivo de deixar a cidade sem energia elétrica.

Com a descoberta do plano, o Governo de São Paulo enviou um contingente de policiais para a cidade, interditou o aeroporto de Presidente Venceslau para pousos e decolagens, com barreiras na pista, além de montar um sistema de metralhadoras capaz de derrubar aeronaves.

Nos dias antes do resgate, um drone foi visto sobrevoando a área do presídio. O método é comumente utilizado pelo PCC antes de grandes ações. Para evitar a concretização do plano, o promotor Lincoln Gakiya pediu a transferência dos membros da facção para presídios federais (de segurança máxima).

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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.