A Polícia Federal está há quase 20 dias a procura de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, dois criminosos que fugiram do Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 14 de fevereiro. A fuga é considerada a primeira da história do país, desde que os presídios federais foram criados há 18 anos.
Durante a operação em busca dos fugitivos, a PF já prendeu cinco pessoas suspeitas de terem ajudado os homens a se esconder. Um deles é o mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, que mora na cidade de Baraúna (RN), a cerca de 35 km de Mossoró.
O depoimento do suspeito à Polícia Federal foi obtido pelo Fantástico, da TV Globo, e exibido neste domingo (3). Na tarde do dia 23 de fevereiro, o mecânico foi abordado por policiais em uma barreira em Baraúna e contou que a dupla estava há quase uma semana no sítio dele, na zona rural da cidade. Na noite do mesmo dia, ele prestou depoimento à PF.
Ronaildo ainda contou que os criminosos pediram para que ele voltasse para a casa aonde mora em Baraúna e fosse, todos os dias, levar mantimentos no sítio. Na conversa com a PF, o mecânico teve o seguinte diálogo com os policiais:
Policial: O que o senhor deixou lá hoje?
Ronaildo: Hoje deixei mortadela, bolacha.
Policial: E a que horas deixou?
Ronaildo: Hoje eu fui mais tarde, mais uma coisinha. Teve uns atrasos, essas coisas. Foi na faixa de 16h30, 17h.
Apesar da pista, os policiais só foram até o sítio no dia seguinte, 16 horas depois que o mecânico revelou o paradeiro dos fugitivos. Ao chegar na propriedade, os homens já não estavam mais lá.
Mecânico teria recebido R$ 5 mil para esconder criminosos
A esposa do mecânico, Francisca Elizandra Miranda, também prestou depoimento à polícia. Apesar de ter sido ouvida, a mulher segue em liberdade.
Nos depoimentos à PF, Ronaildo e a esposa dele, Francisca Elizandra Miranda, admitiram que receberam R$ 5 mil para esconder os fugitivos. Porém, ambos apresentaram versões diferentes sobre quem teria ligado para negociar o pagamento.
“Quem ligou foi um cabra de fora, que o número é 21", disse o mecânico se referindo ao DDD 21, do Rio de Janeiro. Já Francisca disse que quem ligou foi um homem chamado Gustavo. O homem seria morador de Baraúna, ligado ao Comando Vermelho e estaria foragido.
À PF, Francisca contou como teria sido a conversa:
Policial: Qual o envolvimento do Gustavo com os fugitivos?
Francisca: Eu só sei da parte da ligação, que ele ligou pra falar sobre o dinheiro.
Policial: Ele ligou pra quem?
Francisca: Para o meu esposo falando que eles iriam mandar um dinheiro para entregar para os meninos.
Policial: Ele ligou para o seu esposo ou ligou para você?
Francisca: Para o meu celular para falar com ele.
A defesa do mecânico afirma que Ranaildo foi ameaçado e, por isso, ajudou os criminosos. “As ameaças que ele sofria lá das pessoas que estavam por fora, dando assistência aos foragidos, era que, se ele não cumprisse as regras e as determinações que lhe eram impostas, ele poderia sofrer agressão e constrangimento, até matar a família dele. Ele ficou completamente desnorteado com isso”, disse ao Fantástico.
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