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Expedição Titanic: se aventurar no fundo do mar é mais perigoso do que ir para o espaço

Submarino Titan implodiu durante expedição aos destroços do Titanic; cinco tripulares morreram

Submarino Titan implodiu durante expedição aos destroços do Titanic; cinco tripulares morreram

A expedição aos destroços do Titanic que teve um fim tráfico nessa quinta-feira (22), após a implosão do submersível Titan que matou os cinco tripulares, levantou uma séria de dúvidas e questionamentos sobre os riscos de se aventurar nas profundezas do mar.

A pressão no fundo do mar é muito alta enquanto que no espaço a condição é contrária: foguetes possuem uma pressão interna muito maior que a externa. Exatamente por isso, especialistas acreditam que é mais seguro viajar para fora da atmosfera terrestre do que para as profundidades do oceano. É o que explica Thiago Tancredo, engenheiro naval e professor da Universidade Federal de Santa Catarina.

“No espaço a pressão interna da espaçonave é maior do que a pressão externa, e aí existe uma tendência de expandir o casco, o que é muito mais tranquilo e muito mais seguro do que a compressão do casco, o que acontece com o submarino. É só você imaginar facilidade que existe quando você pega uma latinha de refrigerante vazia e tenta amassar ela, com muita facilidade você esmaga”, compara o engenheiro naval.

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Com a implosão, Thiago Tancredo acredita que seja difícil encontrar os restos mortais dos cinco passageiros do submarino da OceanGate. O engenheiro destaca que não é especialista para detalhar o que acontece com o corpo humano, mas que provavelmente apenas os ossos vão resistir.

“Implosão é um efeito que acontece quando você tem uma pressão externa maior do que a pressão interna. A implosão é a perda da integridade estrutural de uma estrutura sujeita à compressão. É rigorosamente o fenômeno que acontece quando você esmaga uma latinha de refrigerante vazia: é uma estrutura de parede fina, sujeita a uma pressão externa maior que a interna, e a estrutura colapsa com as paredes indo em direção ao centro, esmagando tudo que tem no seu interior”.

O submersível Titan da OceanGate era feito de fibra de carbono e titânio, além de tecnologias usadas pela Nasa e pela Boeing. Na avaliação do professor, do ponto de vista da engenharia, isso não garante a segurança do submarino.

“Isso quer dizer muito pouca coisa do ponto de vista de engenharia. Essa frase pode ser referir a um material usado pela NASA, pode ser referir a um procedimento de projeto utilizado pela Boeing ou pode ser referir a um sistema de comunicação. O que a gente precisa lembrar é que do ponto de vista do projeto estrutural, que é provavelmente o que nós temos que discutir nesse caso, o projeto de um submarino é diferente do projeto de um avião e de uma espaço nave, porque no caso de um avião e de uma espaçonave a natureza dos esforços é diferente.”

Thiago Tancredo faz um paralelo para explicar a pressão sofrida por um submarino em águas profundas e compara a embarcação a um “vaso de pressão pressurizado por fora” em um fenômeno conhecido como “flambagem” que é quando uma estrutura esbelta é esmagada por uma carga externa.

“Para você ter uma ideia, é como se você tivesse um elefante apoiado a cada 5 cm do casco. Então, imagina projetar uma estrutura que a cada 5 cm por 5 cm tem um elefante em cima. É uma carga estrutural muito grande e o que mais complica neste caso é a questão da flambagem que facilmente pode esmagar o submarino como se fosse uma latinha de vazia.”

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022