O historiador Antumi Pallas, presidente do Conselho de Questões Raciais e Étnicas do Ministério da Igualdade da Espanha, afirmou que o país europeu inventou o “racismo moderno”. A fala foi durante uma reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo (28) sobre o caso Vini Jr.
Em entrevista à repórter Ana Beatriz Farias, o membro do governo espanhol classificou as leis do país como “deficientes” e não atacam o racismo silencioso e cotidiano. Ele explicou que a origem dessa discriminação remonta ao século XV.
“Instituíram o Estatuto de Limpeza de Sangue, em que não-brancos e não-cristãos eram excluídos de profissões nobres, na educação e administração pública. Quem possuía ancestrais das ‘raças ruins’ (ciganos, negros, afrodescendentes e judeus) era excluído.”
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Brasileiros na Espanha
A historiadora Maria dos Santos, que mora em Madrid, afirma que os casos de racismo no país são normais. Ela contou dois casos tristes vividos por ela nesses anos de vida na Europa.
“Um taxista me pediu para tocar meu cabelo e chegou a perguntar se a água chegava na cabeça quando eu molhava meu cabelo. Uma outra vez, uma mulher branca se aproximou de mim e da minha filha e me ofereceu um lanche que seria para ‘pessoas necessitadas’”.
A cozinha Helen Proença mora na Espanha há 13 anos e sofreu agressão física no metrô de Madrid. Uma mulher branca se aproximou dela dentro de um vagão, chamou ela de “imigrante” e disse para ela “voltar para o seu país”. Mesmo após sair do vagão, a brasileira foi seguida, recebeu um cuspe no rosto e um soco no olho. “Triste pensar que cor é motivo para que alguém te agrida”, disse a cozinheira.
A Espanha não possui leis específicas contra o racismo, apenas contra o chamado “crime de ódio”. Com isso, os casos de racismo cotidiano acabam sendo invisibilizados. Estudos recentes revelam que um a cada quatro jovens espanhóis é assumidamente racista e xenófobo. Por outro lado, um levantamento entre a população negra que vive na Espanha mostra que menos de 20% dos casos de racismo foram denunciados oficialmente, já que não são amparados por lei.