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Consumidor deve pagar por taxação de compras vindas da China, diz especialista

Apesar de impostos serem cobrados das empresas, professor explica que as empresas vão compensar os impostos com o aumento no preço dos produtos; alíquota ainda não foi definida

Alíquota do imposto ainda não foi definida pelo Governo Federal

A taxação de compras de até US$ 50 em sites internacionais, como Shein e Shopee, pode pesar diretamente no bolso dos consumidores. Apesar da primeira-dama Janja anunciar nas redes sociais que a tributação será cobrada das empresas e não dos compradores, um especialista ouvido pela Itatiaia afirma que, no fim, o consumidor é quem vai arcar com o fim da isenção desse imposto.

A medida anunciada pelo Governo Federal não cria um novo imposto, mas acaba com a isenção de até US$ 50 para transações internacionais entre pessoas físicas. Grandes empresas estariam usando o benefício de forma indevida para burlar o pagamento de impostos.

Professor convidado da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Direito Rio, Gabriel Quintanilha explica que, mesmo que a tributação seja sobre as exportadoras e não sobre os consumidores, é bem provável que esses valores serão repassados para os clientes por meio do aumento dos preços.

“Não há dúvidas de que essas empresas vão repassar esses tributos para o preço dos produtos. Hoje, é o importador que é obrigado a recolher esse imposto. Ainda que haja a transferência dessa obrigação para o exportador, o repasse será automático e inevitável. Por isso, o consumidor vai suportar de qualquer forma o aumento da carga tributária.”

O especialista explica que a medida é necessária para favorecer a competição entre o mercado interno e externo. Com a isenção, grandes empresas estrangeiras burlavam a tributação e vendiam seus produtos mais baratos, prejudicando as lojas brasileiras. Quintanilha conta que haviam outras formas de resolver esse problema, mas o Governo Federal decidiu escolher o “caminho mais fácil”.

“O mercado nacional sofre tributação de até 80% sobre o valor enquanto os produtos vinham da China sem pagar imposto. É claro que o Governo poderia melhorar o sistema fazendo com que nossa carga tributária fosse mais competitiva, mas é claro que ele foi pelo caminho mais fácil. Ao invés de diminuir a carga interna, decidiu aumentar a tributação de importação para justificar a proteção do mercado interno.”

Mesmo assim, o especialista argumenta que a mudança é necessária para recompor a concorrência entre as empresas nacionais e estrangeiras, que ficou “profundamente prejudicada” nos últimos anos. Segundo Quintanilha, “o Governo Federal sai ganhando, mas os empresários brasileiros também ganham”.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.