O governo da China anunciou que proibirá, a partir de 1º de janeiro de 2027, o uso de maçanetas retráteis eletrônicas em veículos novos vendidos no país. A decisão poderá causar impacto global no design de carros elétricos, já que os órgãos de segurança locais passarão a exigir maçanetas mecânicas com funcionamento garantido mesmo após acidentes ou falhas de energia, evitando que portas fiquem inacessíveis em emergências.
A medida foi motivada por preocupações com a segurança após relatos de acidentes nos quais os ocupantes e as equipes de resgate tiveram dificuldades para abrir portas equipadas com sistemas eletrônicos, especialmente quando houve interrupção no fornecimento de energia após colisões. Casos desse tipo envolvendo veículos elétricos ampliaram o debate sobre os riscos desse tipo de solução.
Em outubro, três ocupantes de um carro morreram em um acidente, na cidade de Chengdu, porque os socorristas demoraram para abrir as portas do veículo devido à desativação das maçanetas após a colisão.
“A porta interna usa botões que não podem ser destravados eletricamente após o corte de energia. A maçaneta mecânica interna da porta do Xiaomi SU7 não é visível para quem está dentro do carro. Mesmo que os socorristas quebrem o vidro da janela, não conseguem alcançá-la”, disse uma fonte familiarizada com o assunto ao jornal local The Paper após um dos incidentes.
Além disso, especialistas chineses afirmam que a redução do arrasto aerodinâmico das maçanetas retráteis é praticamente irrelevante, correspondendo por apenas 0,005 a 0,01 cx no coeficiente da carroceria, o que se traduz em uma economia de aproximadamente 0,6 kWh a cada 100 quilômetros rodados.
Popularizadas por modelos da Tesla e adotadas por diversas fabricantes para melhorar a aerodinâmica e o visual dos veículos, as maçanetas retráteis deverão dar lugar a projetos que permitam a abertura manual das portas independentemente de sistemas elétricos. A nova exigência vale para automóveis com peso inferior a 3,5 toneladas.
Especialistas apontam que a decisão chinesa pode ter reflexos além das fronteiras do país. Como a China é um dos maiores mercados e polos de exportação de veículos do mundo, a mudança tende a forçar fabricantes globais a rever projetos e padronizar soluções de segurança, evitando custos adicionais de adaptação para mercados diferentes.