Um estudo concluiu que a restauração florestal, além de promover a sustentabilidade ambiental e socioeconômica, pode ser mais vantajosa economicamente do que a manutenção de pastagens. A pesquisa foi desenvolvida pelo Programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, vinculado ao Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG0.
Localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, o
O pesquisador e autor do trabalho Charles de Oliveira Fonseca explica que o estudo foi realizado em três etapas, a começar pelo diagnóstico da paisagem. Em seguida, foi realizada a modelagem determinística, que identificou áreas prioritárias para restauração. Por último, a modelagem probabilística, que projetou cenários de uso da terra até 2050.
“Os dois pilares das modelagens foram: onde podemos melhorar a produção de água e o que podemos fazer para aumentar as manchas florestais?”, relatou Fonseca.
O diagnóstico foi realizado com base em dados do
Rendimento e projeções
Na etapa de modelagem determinística, com base em variáveis como relevo, temperatura e umidade do solo, foram definidas áreas prioritárias para restauração, totalizando 5.801 hectares, o equivalente a 3,6% da área estudada. O percentual ultrapassa o déficit de 2.273 hectares (1,4% da área analisada), estabelecido pelo Código Florestal, lei brasileira que contém as normas gerais sobre a proteção da vegetação nativa.
Por último, na modelagem probabilística, foram feitas projeções de cenários de uso da terra até 2050. O cenário projetado com base nas condições atuais indicou maior presença do bioma em 2050, com 3.851 hectares restaurados. Se fossem consideradas as áreas prioritárias apontadas na modelagem determinística, seriam 12.815 hectares restaurados em 2050, mais que o triplo da área calculada com a manutenção das atuais condições. Fonseca explica que as projeções foram feitas sem afetar os espaços já ocupados pelos produtores rurais.
Nos dois cenários projetados na pesquisa, foi feita uma análise de custo, que revelou que a restauração florestal é mais vantajosa economicamente do que a manutenção de pastagens. Mantidas as atuais condições, a pastagem poderia gerar ganhos de 280 mil dólares anuais, enquanto a restauração e a venda de créditos de carbono referentes à área reflorestada poderiam render mais de 1 milhão de dólares.
No segundo cenário, com a restauração das áreas identificadas como prioritárias, o aluguel da pastagem renderia 932 mil dólares anuais; a conversão dessas áreas em florestas, por sua vez, geraria 3,7 milhões de dólares anuais com a venda de créditos de carbono, quatro vezes mais que o aluguel de pastagens.