O monitoramento hídrico é um fator importante para o resultado final do cultivo. Na irrigação agrícola, a água deve ser considerada um insumo que precisa ser manejado considerando o clima, o solo e a planta. Por se tratar de um processo dinâmico, são necessários o monitoramento e os ajustes de estratégias para cada cenário de acordo com as variações ocorridas no ambiente, tanto na ocorrência de chuvas, quanto na irrigação mecânica.
Por exemplo, dentre as diferentes respostas de cultivares de
Segundo a pesquisadora e vice-coordenadora do Instituto Agronômico (IAC-Apta), Regina Célia de Matos Pires, “esses e outros resultados atrelados à implementação de estratégias distintas de manejo da água compõem os benefícios que são fruto do monitoramento hídrico e de ajustes necessários”.
Esse nível de desenvolvimento radicular mostra que a muda tem vigor, boa nutrição e alta capacidade de absorção de água e nutrientes, o que favorece o pegamento no campo, o melhor aproveitamento de água das chuvas e o desenvolvimento inicial da lavoura. Mudas com sistema radicular bem desenvolvido apresentam maior potencial produtivo e contribuem para a formação de canaviais mais homogêneos e duradouros.
A resposta ao uso da irrigação depende de vários fatores, incluindo: objetivo, planejamento, instalação, operação, adequação das práticas culturais, monitoramento, estratégias de manejo, auditoria, avaliação e realinhamento de ações, se necessário. Essa orientação vale para o sistema irrigado na cana-de-açúcar e em outras culturas.
Diferentes modos de monitoramento
De acordo com a pesquisadora, é preciso avaliar o que está acontecendo com as plantas. “Um ciclo longo de temperaturas mais baixas vai impactá-lá de diversos modos, positiva ou negativamente”, orientou Regina. Assim, o monitoramento do clima é fundamental na tomada de decisão ao longo do ciclo e no entendimento dos resultados.
Outro fator relevante é o monitoramento da água disponível no solo e da profundidade do sistema radicular das plantas. “Isso é muito importante sobretudo quando se realiza a irrigação de salvamento. Ao conhecer essa disponibilidade consigo fazer o balanço hídrico e adotar estratégias mais assertivas na irrigação e em especial na modalidade de salvamento da cana, por exemplo”, completou. Regina Pires participou de um painel durante a Feira Internacional da Irrigação 2025, realizada em Campinas, em agosto deste ano, sobre o uso da técnica na canavicultura.
Caracterização da demanda da irrigação em diferentes épocas
Variedades desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético de cana como a IACCTC07-8008, IACSP01-5503 e CTC02-2904 foram avaliadas pela equipe do Instituto Agronômico em condições de sequeiro e irrigadas considerando as temperaturas do ar e das folhas e em cada experimento a resposta dos materiais genéticos se mostrou distinta. Isso reforça a importância do conhecimento da resposta das cultivares de cana em relação aos estresses hídricos e ambientais.
A cientista destacou a relevância de utilizar variedades de cana com porte ereto e elevada eficiência no aproveitamento hídrico, ou seja, capazes de gerar maior produtividade por metro cúbico de água consumido. Em cultivares irrigadas por gotejamento subterrâneo, foram observadas variações nessa eficiência, com resultados entre 15 e 20 kg de colmo por metro cúbico de água aplicado.
Ao simular a demanda de irrigação com dados diários de clima, valor de água disponível no solo e estabelecimento de critério de manejo para as irrigações, é possível estimar qual o valor de lâmina necessária e o número de irrigações, para cada época de plantio e colheita, com análise por vários anos.
Além disso, esse tipo de estudo permite identificar, nos casos em que o sistema de irrigação não é capaz de suprir totalmente a lâmina de água demandada pelas plantas, os períodos específicos em que ocorrerá deficiência hídrica, considerando tanto a época do ano quanto os estágios de desenvolvimento da cultura. Com essas informações, é possível relacionar os momentos de escassez hídrica aos impactos potenciais sobre o desempenho da lavoura, segundo a pesquisadora do IAC, da Diretoria de Pesquisas dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.