Paraná bate recorde histórico e colhe 46,8 milhões de toneladas de grãos

Safra robusta impulsiona VBP estimado em R$ 68 bilhões, com destaque para milho, trigo e aveia

Trigo tem a maior área plantada no período do inverno, com 816,6 mil hectares

O Paraná registrou a maior safra de grãos de sua história, com 46,8 milhões de toneladas colhidas e estimativa de um Valor Bruto de Produção (VBP) da ordem de R$ 68 bilhões. O dado faz parte do Boletim Conjuntural Boletim Conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Além dos dados da Previsão de Safra Subjetiva (PSS), o documento traz mais detalhes do desempenho de diversos produtos do agronegócio.

O trigo tem a maior área plantada no período do inverno, com 816,6 mil hectares, e 99% da safra já foi colhida. “Além do bom desempenho do trigo, merece atenção a aveia, com uma colheita de 470 mil toneladas, sendo o maior volume dos últimos dez anos, e que acaba contribuindo para o recorde histórico da safra de grãos paranaense”, explicou o engenheiro agrônomo do Deral, Hugo Godinho.

Os demais grãos ( soja, feijão, cevada e milho) foram os que mais contribuíram para que a safra recorde. O milho paranaense, individualmente, foi o cereal que mais colaborou para esse resultado, ao atingir o recorde de 21 milhões de toneladas. “A combinação entre clima mais favorável, aumento de área plantada e bom desempenho das culturas elevou o potencial produtivo do estado”, disse Marcelo Garrido, chefe do Deral.

Entre eles, destaca-se o detalhamento da cultura da aveia, já citada na previsão de safra, cuja colheita alcançou 470 mil toneladas. Isso representa um salto de 33% frente ao ano passado, com rendimentos muito superiores aos obtidos em 2024, quando a seca prejudicou o desempenho da cultura. A oferta cresceu tanto na aveia branca, voltada à indústria, quanto na aveia preta, usada principalmente na formação de pastagens e cobertura de solo. O avanço consolida a cultura como peça-chave na rotação de inverno e contribui para a diversificação do agronegócio do estado.

Milho e soja

O boletim aponta que a primeira safra de milho 2025/26 já está totalmente plantada, somando 339,8 mil hectares. Essa área se destaca por apresentar uma expansão atípica neste ano, estimada em 21%. Além disso, há ótima condição das lavouras, com 93% classificadas como boas. Como principal componente da alimentação animal, o milho também contribui para reduzir custos nas cadeias de suínos e aves, que se beneficiam diretamente da ampla oferta.

A soja, por sua vez, atingiu 97% da área prevista plantada, o que equivale a 5,58 milhões de hectares. As condições também são positivas: 92% das lavouras estão em situação considerada boa, após semanas de clima mais estável, com temperaturas mais altas e redução das chuvas excessivas. O cenário favorece o desenvolvimento inicial das plantas e eleva o potencial produtivo da oleaginosa.

Mercado agropecuário

Com o aumento da oferta de milho e farelo de soja, as cadeias pecuárias registram redução de custos. A suinocultura paranaense teve um dos menores custos de produção do ano, R$ 5,77/kg vivo em outubro, enquanto outros estados registraram alta. Já a avicultura de postura também se beneficia da queda dos insumos, melhorando a relação de troca para os produtores de ovos.

Mesmo com queda nas exportações brasileiras de frango acumulada até 2025, o Paraná segue líder nacional, respondendo por 40,9% do volume exportado pelo país. No mercado bovino, a retirada de uma tarifa adicional pelos Estados Unidos tende a ampliar a competitividade da carne brasileira, inclusive a paranaense. Já a exportação de carne de peru registra aumento em volume e forte valorização de preços, com desempenho expressivo do Paraná, terceiro maior exportador do país.

Olerícolas e fruticultura

No setor de olerícolas, o engenheiro Paulo Andrade, do Deral, chamou a atenção para as adversidades climáticas, marcadas por um inverno longo e o excesso de dias nublados. “Isso afeta diretamente o metabolismo das plantas e altera alguns ciclos”, observou. Três culturas importantes — batata, cebola e tomate — não apresentaram grandes variações em relação à estimativa do mês anterior. “Temos a batata apresentando certa estabilidade; a cebola teve uma queda no tamanho da área cultivada, que se reflete na expectativa de produção; e em relação ao tomate tivemos uma redução pequena.”

As frutas de caroço estão em plena colheita e devem colorir as gôndolas dos supermercados nas próximas semanas. Em linhas gerais, o Paraná é o terceiro maior produtor de goiaba do Brasil, com 54 mil toneladas colhidas e VBP de R$ 268,5 milhões. Nos últimos dez anos, o setor da goiaba registrou crescimento de 147,5% na área e 205,5% nas colheitas, com 264% no VBP real.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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