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‘Inverno de qualidade’ impulsiona safra de maçã no Brasil após período difícil

Frio é o fator mais importante para a qualidade das maças; setor acredita em um cenário de recuperação da média histórica na safra 2025/2026

O inverno mais rigoroso deste ano tem contribuindo para a produção de maça no Brasil. Após períodos climáticos desfavoráveis, o setor acredita em um cenário de recuperação da média histórica na safra 2025/2026.

“O inverno que formará os frutos de macieira no ciclo 2025/2026 está bastante favorável. Nos levantamentos de horas de frio da Epagri, empresa catarinense de pesquisa agropecuária, nós vemos que nas principais regiões produtoras de maçãs existe um acúmulo entre 20 a 30% acima da média dos últimos anos”, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), Moisés Lopes de Albuquerque à Itatiaia.

Maça depende do frio

O frio é o fator mais importante para a qualidade das maças. É no inverno que as macieiras entram em dormência e se desenvolvem.

"É um período em que o frio é fundamental para que ela mantenha esse estágio de forma qualitativa. Tem que ser um frio de qualidade, tanto em termos de intensidade como de tempo”, explica o especialista.

No estágio dormente, as macieiras acumulam promotores de crescimento que vão ser fundamentais para o ciclo fisiológico, permitindo que ela tenha uma brotação uniforme.

“O frio é fundamental para que as maçãs tenham um melhor calibre [tamanho maior], coloração e vai ter uma influência inclusive no sabor. Tudo começa com frio de qualidade”, afirma Moisés.

Se o inverno for ruim, mesmo com uma boa polinização, a macieira não conseguirá exprimir os melhores frutos.

Com o inverno favorável neste ano, a expectativa da ABPM é retomar as médias históricas que ficam entre 1.100.000 a 1.200.000 toneladas de de maçãs colhidas.

Sul manda na produção

Como as macieiras dependem do frio para produzir com qualidade, praticamente 99% da área de cultivo no Brasil é concentrada no Sul do país. Segundo a ABPM, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, dividem a liderança da produção com cerca de 48% cada. O Paraná aparece em seguida com 3%, 3,5% e o restante divide São Paulo e Minas Gerais.

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Cenário das exportações após tarifaço

“Os Estados Unidos não configuram um mercado importante para maçãs frescas do Brasil. Diretamente em termos de comércio, pensando no fruto em si, nós não fomos afetados. Mas fomos em suco de maçã, que o nosso principal mercado e maior mercado é o Estados Unidos”, afirma o diretor executivo da ABPM.

Além da tarifa, o setor enfrenta os desafios das safras pequenas dos últimos anos que geram estoques mais baixos de suco de maçã.

Segundo o Moisés, mais de 90% do produto fica no mercado interno e o tarifaço de Trump afeta indiretamente a economia local.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde