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Greening reduz safra de laranja no cinturão citrícola em SP e MG

Doença, clima mais frio e seco no inverno e colheita mais tardia aumentam projeção da taxa de queda de frutos

Em maio, a estimativa era de 314,60 milhões de caixas

A estimativa da safra de laranja para 2025/26 caiu para 306,74 milhões de caixas de 40,8 kg. Segundo o Fundecitrus, a queda de 2,5% em relação à previsão inicial se deve, principalmente, ao avanço do greening e ao ritmo mais lento da colheita, que têm levado a uma maior perda de frutos nas lavouras de São Paulo e Minas Gerais. Em maio, a estimativa era de 314,60 milhões de caixas.

De acordo com dados da Climatempo Meteorologia, a precipitação média acumulada no cinturão citrícola de maio a agosto de 2025 foi de 94 milímetros, 33% a menos do que a média histórica (1991-2020). Apenas a região de São José do Rio Preto teve precipitação acima do histórico (21%).

No entanto, as precipitações de abril e junho garantiram umidade suficiente no solo. Com isso, o peso dos frutos das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi segue estável, em 134 g (305 frutos por caixa).

As demais variedades precoces (Valência Americana, Seleta, Pineapple e Alvorada) tiveram queda no tamanho, passando de 158 g (259 frutos por caixa) para 150 g (272 frutos por caixa). Já a Pera, cuja colheita está mais tardia este ano, deve se beneficiar das chuvas de primavera, com aumento do peso de 154 g (265 frutos por caixa) para 156 g (261 frutos por caixa). Estima-se que as variedades Valência e Folha Murcha mantenham 174 g (235 frutos por caixa) e que a Natal mantenha 169 g (242 frutos por caixa). No geral, a projeção do tamanho médio das laranjas não se altera.

Colheita

A colheita de laranja no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais segue em ritmo mais lento, com apenas 25% da safra atual colhida até meados de agosto. O atraso se deve à estratégia de colher as frutas no ponto ideal de maturação para garantir a qualidade do suco, especialmente em uma safra com grande concentração de frutos da segunda florada. No entanto, o ritmo mais lento tem levado a uma maior queda prematura de frutos, principalmente em árvores afetadas pelo greening.

Queda de frutos e severidade do greening

Projetada inicialmente em 20% na estimativa de maio, a taxa de queda de frutos foi reestimada para 22%. Quando analisada por setor, a taxa de queda é mais intensa em setores com alta incidência de greening (Sul, Centro e Sudoeste) e menos intensa em setores com menor incidência (Norte e Noroeste).

O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, recorda que a severidade média do greening no cinturão citrícola, de acordo com o levantamento anual produzido pela instituição, subiu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% seu potencial produtivo. “Esse aumento significativo da severidade dos sintomas nas árvores tem impacto direto no aumento da taxa de queda prematura da fruta, sendo o fator determinante para a redução da safra nesta primeira reestimativa”, analisa Ayres.

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A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) é realizada pelo Fundecitrus em parceria com professor titular (aposentado) da FCAV/Unesp José Carlos Barbosa.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde