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De cabras a queijos finos: família transforma paixão em produção no Sul de Minas

Conheça a produção do Cabril Serra do Rosário da Fazenda Paineiras, em Delfim Moreira, no coração da Serra da Mantiqueira

Cabra, leite de cabra e queijos embalados

Uma atriz e terapeuta corporal e um marceneiro transformaram uma paixão “curiosa” em negócio no Sul de Minas.

Tudo começou com o sonho da paulista Clara Antoniazzi em morar na Serra da Mantiqueira. “Desde pequena eu sempre visitava a região no inverno com os pais e falava que iria morar aqui um dia”, contou Clara à reportagem.

Ao se casar com o paulista Fernando Mendonça, eles se mudaram para a Serra Mantiqueira, no município de Delfim Moreira. Eles não imaginavam que iam deixar as profissões, mas o amor falou mais alto. E dessa vez por um animal.

Clara Fernando Antoniazzi, produtores e proprietários da Fazenda Paineiras em Delfim Moreira

Na fazenda do vizinho, Clara se apaixonou por um filhote de cabra, era tanto encanto que passou a visitar todos os dias, só para ficar um tempo com o animal. Depois de um certo tempo, ela ganhou a cabra e foi aí que tudo começou.

“Eu não achei que ia fazer queijo, não era um plano. As cabras aconteceram na minha vida e junto com ela o queijo”, contou a proprietária da Fazenda Paineiras e do Capril Serra do Rosário.

Produção de queijo de cabra

Clara produz queijos de forma caseira e em pequena escala, por enquanto. “Eu falo que somos nanoprodutores, tiramos no auge 30 litros por dia o que dá entorno de 600 litros no mês, o que é muito muito pequeno. Estamos crescendo”, afirmou a produtora à Itatiaia.

O queijo é produzido com o leite de cabra em 35 a 37 graus, misturado com um coagulante. Para o queijo frescal, demonstrado à reportagem, foi feito pela coagulação enzimática - a forma mais rápida de 40 minutos.

Clara explica que cada detalhe do processo influencia no queijo que vamos ter no final. “Se eu quero um queijo mais macio tenho que fazer um corte maior e vou mexer com mais delicadeza para desmanchar pouco. Se quiser um queijo mais duro pode cortar bem pequeno. Um queijo parmesão, por exemplo, você vai cortar ele arroz (tamanho). Formas diferentes também influenciam”, explica.

Queijo de cabra: ótima opção para intolerantes à lactose

“O leite de cabra é mais branco que o de vaca e tem moléculas de lactose bem menores. Para quem tem intolerância é um queijo que pode comer. Tenho clientes intolerantes que comem”, explicou Clara.

O soro que sai do preparo dos queijos é dado como insumo aos porcos da fazenda. Mas também dá pra fazer queijos com soro, como a ricota. No entanto, Clara e Fernando afirmam que a produção ainda é pequena para esse tipo de queijo.

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Questionada sobre a perspectiva do aumento de produção no futuro, Clara responde:
“Eu vou ser sempre manual. Não vou crescer ao ponto de não ser manual. Tenho um respeito por todas as etapas”, ressaltou.

Hoje, Clara produz quatro tipos de queijos:

  • Marins: de massa cozida maturado por 4 meses, é um queijo firme de “sabor complexo” com notas de castanha e frutas amarelas.
  • Barreirinha: de massa crua, maturado por 40 dias, é um queijo de massa mole, casca florida e sabor levemente fúngico.
  • Chorinha: queijo de massa semi cozida maturado por 40 dias, tem massa mole, casca florida, sabor levemente doce e fúngico.
  • Kapro: queijo de massa láctea fresco tipo Boursin

*Repórter viajou ao Sul de Minas a convite do Sebrae Minas

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde