A construção de barraginhas e barramentos, para contenção de água da chuva, que ajuda a evitar enchentes e ainda disponibiliza o precioso recurso no período seco, deve ser priorizada no Estado. Essa é uma das principais conclusões do Seminário Técnico “Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema”, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e que contou com sete encontros regionais no interior do estado. Foram quase cinco meses de discussões, em que foram apresentadas a situação de cada uma das regiões, perante a crise climática.
O objetivo foi identificar os impactos das mudanças climáticas nas diferentes regiões mineiras, de modo a construir um painel sobre os problemas locais e coletar sugestões para solucioná-los. Ao todo, 368 instituições participaram dos debates. O analista de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Guilherme Oliveira, lembrou que a construção desses barramentos em locais estratégicos é de grande importância tanto para evitar desastres como a inundação das plantações e, no período da seca, para que não falta água.
“Estamos falando de produção sustentável e precisamos melhorar os aspectos de desenvolvimento da produção sustentável em todas as suas dimensões”, ressaltou.
Seminário também serviu para corroborar outros pontos que também merecem atenção:
- necessidade de mais funcionários nos órgãos ambientais estaduais;
- pesquisa e assistência técnica rural;
- reservação de água no solo;
- utilização de bioinsumos e bioenergia;
- diversificação dos modais de transporte;
- mudanças na mobilidade urbana;
- logística reversa e economia circular.
Barraginhas e barramentos, entenda a diferença
Barraginha: É uma técnica de conservação de solo e água utilizada em áreas agrícolas e pastoris. Consiste em pequenas bacias escavadas no solo para captar e armazenar água da chuva. Elas ajudam a recarregar o lençol freático e a evitar a erosão do solo, melhorando a infiltração da água.
Já o Barramento refere-se à construção de uma barragem ou estrutura maior, que pode ser de terra, concreto ou outros materiais, para represar um curso de água. O objetivo de um barramento é controlar o fluxo de água, criar reservatórios ou gerar energia hidrelétrica.
Portanto, as barraginhas são pequenas intervenções voltadas para a conservação local da água, enquanto os barramentos são estruturas maiores com o objetivo de regular ou armazenar grandes volumes de água.
Tecnologia foi desburocratizada por nova lei
Segundo o analista, a irrigação é uma grande aliada da produção sustentável e lembrou que a tecnologia foi beneficiada, recentemente, pela aprovação da lei que estabelece a Política Estadual de Agricultura Irrigada Sustentável. “Essa nova legislação vai garantir o aumento de áreas irrigadas em Minas Gerais. A tecnologia é considerada fundamental para garantir a produtividade em locais com dificuldade de reservação de água e de captação de águas subterrâneas. A área de agricultura irrigada em Minas está em torno de 15%, mas a expectativa é que aumente para 50% de maneira sustentável. O instrumento também se propõe a solucionar os conflitos existentes relativos ao uso de água. Em uma área irrigada, é possível produzir até três vezes mais do que em uma área sem irrigação”, disse.
Boas práticas que devem ser adotadas pelos produtores
- Utilização práticas sustentáveis de agricultura, como manejo adequado do solo; plantio direto e integração lavoura- pecuária-floresta
- controle da erosão;
- uso adequado de insumos (aplicar a quantidade correta no na hora correta)
- uso de tecnologias como os defensivos biológicos, o chamados bioinsumos;
Trabalho vai pautar a agenda legislativa
Durante o seminário, cada grupo de trabalho elaborou um relatório com avaliações e diretrizes para subsidiar uma agenda de atuação da Assembleia. Esses documentos serão encaminhados aos parlamentares, que poderão propor medidas que auxiliem na convivência com os fenômenos climáticos extremos, como secas severas e chuvas torrenciais. Será possível, por exemplo, viabilizar políticas públicas que promovam ações contínuas de caráter estruturante de médio e longo prazos.
“Foram mais de 300 diretrizes alinhadas até aqui nos grupos temáticos. Agora nos debruçaremos sobre elas e construiremos um plano de ação para ser posto em prática. Todos os deputados estão juntos nessa missão”, disse o presidente da ALMG, o deputado Tadeu Leite.
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