Em novembro do ano passado, durante a Semana Internacional do Café, realizada no Expominas em Belo Horizonte, o estande da Três Corações ofereceu ao público presente mini-tatoos com a temática do café, um dos mais importantes produtos do agro brasileiro. E sabe qual foi a representação preferida das centenas de pessoas que fizeram fila na porta do estande durante os três dias do evento? A fórmula da cafeína.
Nada de mini-xícaras, coadores, grãos, sacos de café, bules, frutos e folhas contidos num catálogo. O tatuador Célio Hart disse na ocasião à reportagem da Itatiaia que a maioria das pessoas que escolheu essa figura argumentou que gostaria de ter a cafeína na pele por causa da ‘sensação de energia’ que a bebida dá.
A percepção não é infundada. Em nosso corpo, a substância estimula o raciocínio e a memória e tem o poder de tirar o sono. Mas, em excesso, pode causar taquicardia, ansiedade e, até mesmo, dependência.
Entenda o que acontece
Isso ocorre porque, além da cafeína, o café tem outra substância muito importante: a adenosina. Trata-se de um neurotransmissor produzido pelo próprio corpo que é liberado à medida que a energia vai sendo gasta ao longo do dia.
A cafeína leva de 15 a 40 minutos para ser absorvida pela corrente sanguínea. No cérebro, ela se liga a receptores cerebrais que, até então, estavam recebendo a adenosina e causando uma sensação de cansaço.
Aí acontece algo inesperado: a cafeína inibe a ação da adenosina, que provoca sonolência, e se sobrepõe nos fazendo ficar acordados. “Além disso, a cafeína leva ao aumento da noradrenalina e dopamina, que dão a sensação de estarmos mais energizados”, explica professor Octávio Pontes, da USP. Esses efeitos podem resultar em uma sensação de bem-estar e melhora do humor. Para Pontes, é importante lembrar que cada pessoa pode responder de forma diferente à cafeína e o consumo excessivo de café pode levar a efeitos indesejados, como nervosismo e dificuldade para dormir. Entenda melhor por meio do Infográfico:
Estudo confirma que consumo melhora foco e memória
Um estudo conduzido pelos pesquisadores da Universidade do Minho e publicado na revista científica Frontiers in Behavioral Neuroscience trouxe insights interessantes sobre o impacto neurobiológico do consumo de café. Segundo Otávio Pontes, em sua coluna no Jornal da USP, os pesquisadores investigaram o impacto neurobiológico do consumo de café usando ressonância magnética. “Eles recrutaram 47 adultos saudáveis que bebiam café regularmente e realizaram o exame antes e depois de consumir café ou cafeína em água. Tanto o café quanto a cafeína pura na água resultaram em diminuição na conectividade da rede de modo padrão do cérebro, que está ativa durante o repouso. No entanto, beber café aumentou a conectividade em redes associadas à memória de trabalho e ao controle cognitivo. Os pesquisadores afirmam que esses resultados podem fundamentar a crença popular de que o café aumenta a vigilância e o funcionamento cognitivo. A presença de efeitos específicos do café sugere a influência de fatores como aroma, sabor e expectativas psicológicas.
Quantas xícaras se deve tomar por dia? ☕☕☕☕
Entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a International Coffee Organization (ICO) dizem que um consumo moderado gira em torno de 200 mg até 400 mg de cafeína por dia o que seria algo em torno de, no máximo, quatro xícaras “não cheias”.
É importante também observar o tipo de café: cafés instantâneos ou solúveis têm menos cafeína do que torrados e moídos e se você não está consumindo cafeína de outras formas, como em medicamentos ou preparados pré-treinos.
Fique atento:
- O consumo diário de cafeína não deve ultrapassar 400 miligramas (quatro xícaras pequenas). ☕
- Cafés instantâneos ou solúveis contêm menos cafeína do que cafés torrados e moídos. 📢
- Evite o consumo após às 15h. ☀️
- Cuidado! A cafeína também pode estar presente em energéticos, refrigerantes, chocolates e até remédios. 🥤