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Minas quer voltar a ser grande produtor de fruta que não se come crua; saiba qual é

Estado já chegou a produzir 11,5 mil toneladas dela por ano; problemas fitossanitários dizimaram as lavouras

Fruta é originária da Ásia e muito apreciada pela indústria de doces

Minas já foi um grande produtor dessa fruta e também do doce feito com ela, a marmelada. Afinal, por causa de seu sabor meio amargo e ácido, o marmelo fica melhor cozido e na composição de outros pratos, como doces, molhos e compotas. No final dos anos 60, o estado contava com 7,5 mil hectares plantados e produção anual era de 11,5 mil toneladas. Segundo o coordenador técnico de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, Minas chegou a ter 27 agroindústrias de marmelada nesse período.

Só que, com o passar dos anos, problemas fitossanitários (como falta d’água e nutrientes) e a introdução de outros doces no mercado fizeram com que a cultura entrasse em declínio. Atualmente, as lavouras de marmelo estão presentes em apenas 50 hectares, com uma produção de 350 toneladas/ano distribuídas nos municípios de São João do Paraíso, Marmelópolis e Serro.

Mas isso deve mudar. Deny explica que o Estado quer voltar a ser um grande produtor da fruta e que, portanto, o incentivo a seu cultivo, técnicas e melhores cultivares estão entre as prioridades da Emater-MG em 2024.

“Temos, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), sete unidades demonstrativas da cultura do marmelo, instaladas em diferentes regiões de Minas. Vamos fazer eventos nestes locais para divulgar a cultura”, explica Sanábio.

Além disso, o marmelo também será um dos destaques do Circuito Frutifica Minas que promove palestras técnicas com especialistas na área de fruticultura, em diferentes polos de produção do estado.

Seleção de agricultores e unidades demonstrativas

Em 2021, a Emater fez a seleção de agricultores, que receberam as mudas de marmelo e disponibilizaram as áreas de cultivo para servirem de unidades demonstrativas. O desenvolvimento das plantas é monitorado por técnicos da Emater-MG e acadêmicos da UFLA. A pesquisa vai mostrar qual variedade melhor se adapta a cada região.

Como tudo começou?

O estudo teve início há cerca de 20 anos, com a formação de um banco de germoplasma pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), que hoje contém dezenas de cultivares de marmeleiro e é considerado o maior da América Latina.

Quais municípios foram envolvidos?

Foram selecionados produtores rurais de 10 municípios onde foram feitos plantios com as mudas cedidas pela universidade. Os municípios participantes são: Coimbra, Conceição do Mato Dentro, Soledade de Minas, Coqueiral, Delfim Moreira, Marmelópolis, Lagoa Dourada, Resende Costa, Machado e São João do Paraíso.

Fruta é rica em nutrientes, mas não come crua

O marmelo é uma fruta nativa da Ásia (Pérsia e Anatólia). Por causa de seu sabor meio amargo e ácido, ela não é consumida in natura, mas fica ótima no preparo de doces e geleias, assada, cozida, confitada, temperada com mel e ou açúcar e limão e ainda na composição de molhos e compotas.

É uma fruta típica de outono, rica em nutrientes como as vitaminas A, B e C, também em minerais e pobre em gorduras, por isso é tão benéfica para a saúde.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.