Produtores de leite, deputados da Frente Parlamentar Agropecuária, representantes da Abraleite (Associação Brasileira dos Produtores de Leite), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) Faemg, Associação Brasileira de Criadores de Gado Zebu e outras lideranças do setor têm dado demonstrações de união, diante da crise vivida pelo setor leiteiro. Na próxima terça-feira (31), eles participam do II Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, às 15h no Salão Negro da Câmara dos Deputados, em Brasília. São esperadas cerca de 800 pessoas. O primeiro encontro foi em 16 de agosto desse ano e reuniu 700 participantes.
O presidente da Abraleite, Geraldo Borges, disse que o objetivo desse novo encontro é dar continuidade às discussões sobre as medidas estruturantes para o setor, que vem passando por um momento desafiador. “Precisamos mostrar toda a nossa força e união”, disse.
O presidente da Comissão Técnica Estadual de Pecuária de Leite da Faemg, Jônadan Ma, também citou a importância de se estabelecer ‘medidas estruturantes’ para o setor. Ele lembrou que a CNA, junto com outras entidades, vem lutando há meses contra o que chama de ‘atividades predatórias’ de importações do leite. Temos que dar um basta nisso. Só assim, poderemos garantir nossa sobrevivência, nosso crescimento e competitividade”.
Já o presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, disse que o encontro é importante para que se possa continuar discutindo com as lideranças políticas - que são os deputados federais - a real situação do setor e que, juntos, seja possível continuar pressionando o Governo Federal “pra gente arrumar definitivamente a casa do produtor de leite”. Não podemos continuar convivendo com esses aumentos constantes da importação de leite, vindos principalmente da Argentina e do Uruguai, como aconteceu agora, nesse mês de outubro.
De Salvo comentou que as medidas do Decreto Leite mais Saudável - que irão oferecer perda de isenção do PIS/Cofins às empresas que exportarem leite - são uma vitória para o produtor. “E até não diria vitória, mas sim um ganho porque as importações - no modelo que se apresenta - configuram uma concorrência desleal e há suspeitas de subsídio feitos na Argentina. Então é um é comércio desleal que não dá pra gente competir. Temos que continuar reorganizando a nossa casa, trazendo inovação e tecnologia que melhoram os níveis de produtividade do nosso gado. Mas, nesse momento, o que mais precisamos é zerar as importações para que a gente tome fôlego para continuar”.
Mesma prioridade relatou a deputada federal, Ana Paula Junqueira Leão (PP): zerar ou, ao menos, interromper temporariamente as importações. Segundo ela, também serão discutidas outras pautas como o Plano Setorial para que os produtores de leite tenham condições de renegociar e prorrogar suas dívidas; reestruturação dos programas sociais do governo, como a merenda escolar e o Bolsa Família, com a introdução definitiva e permanente do leite produzido no Brasil. “Muitos pequenos municípios brasileiros são mantidos por produtores de leite, tendo grande influência na economia dessas cidades. Se essas pessoas desistem da cadeia produtiva do leite, isso vira um grande problema social, com êxodo rural, desemprego nas grandes cidades”.
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