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Campeãs da Megaleite podem ter até 100% de valorização; saiba como funcionam os torneios leiteiros

A vencedora Parreira Fiv Bradnick produziu uma média de 86 Kg de leite/dia. A média de produção de uma vaca comum, no Brasil, é de 6 a 7 Kg de leite/dia

Parreira FIV Bradnick SJ Lalu nunca tinha participado de um Torneio Leiteiro nacional antes

A vaca Girolanda Parreira FIV Bradnick SJ Lalu foi a Grande Campeã na categoria Produção Absoluta de Leite. Ela produziu uma média de 86,462 kg/leite por dia. Os proprietários do animal são Luiz Cláudio Bastos de Moura e Karla Salgado de Moura, da fazenda São José, em Volta Grande, na divisa de Minas com o Rio de Janeiro. Os dois e a equipe vibraram bastante quando o resultado foi divulgado no microfone central do Parque da Gameleira, seguido da tradicional “música da vitória do Senna”.

Na categoria de Composição do Leite, a Grande Campeã foi Nina FIV Saloon FGS Sapucaia, de uma propriedade em Laranjal, na Zona da Mata. Edivaldo, que é zootecnista e organizador do Programa de Melhoramento Genético Girolando , explicou que essa categoria mede a quantidade de sólidos (gorduras e proteínas) totais do leite, usados para fazer queijo, requeijão e afins.

“Quanto maior o percentual de sólidos, melhor o rendimento e a qualidade dos queijos”, disse. Nina, de propriedade do expositor Fernando Gonçalves dos Santos, produziu uma média de 68,156 kg/leite.

Em comum, as vencedoras das duas categorias têm o fato de que nunca haviam participado de torneios leiteiros nacionais, antes. “Isso demonstra a excelência dos criatórios que temos espalhados pelo país. Eles, certamente, fazem um trabalho bem feito da porteira pra dentro e, a partir do momento, que se dispõem a participar de torneios, se sobressaem nacionalmente”.

Valorização pode chegar a 100%

Edivaldo acredita que uma vaca campeã na Megaleite - considerada a maior vitrine da produção de leite da América Latina - tenha seu valor aumentado entre 50 a 100%. “Além disso, ter um animal vencedor num torneio como esse abre portas para novos negócios, facilita o relacionamento com empresas de inseminação artificial (a vaca ganha status de ‘estrela’); incrementa a venda de embriões e até de futuros tourões, descendentes das campeãs”.

Indiana Canvas bateu recorde em 2014

A vaca recordista da Megaleite, de todos os tempos, é a Girolando 3/4 Indiana Canvas 2R que produziu uma média de 108,430 kg/leite/dia, durante a Megaleite 2014, realizada em Uberaba. Indiana produziu 115,020 kg/leite em um único dia, superando em 4,12 kg a produção registrada em 1982 pela vaca cubana Ubre Blanca. Indiana pertencente ao produtor Delcio Tannus Filho, de Uberlândia.

Com funcionam os torneios leiteiros?

O engenheiro agrônomo, especialista em pecuária leiteira, Walter Ribeiro, diz que cada concurso tem suas regras mas, em geral, as disputas acontecem entre Vacas Jovens (até 36 meses) e Vacas Adultas (acima de 36 meses). Essas devem chegar alguns dias antes de começar o torneio e passam por um período de adaptação ao local. “Se estiverem desconfortáveis, vão produzir menos”, alerta.

As participantes são ordenhadas dez vezes, descartando-se a primeira ordenha para ‘efeito de esgota’. A partir daí, durante três dias, o leite é coletado três vezes por dia, sendo obrigatório o uso de ordenha mecânica. A vaca que tiver a melhor média de produção, vence o torneio.

Lembra quanto as nossas campeãs aí de cima produziram? Médias de 86 e 68 Kg/dia. De acordo com Walter, uma vaca comum produz, no Brasil, uma média de 6 a 7kg/dia.

Por que a medida do leite é feita em quilos e não em litros?

Porque o peso do litro de leite varia de acordo com a quantidade de sólidos (gordura). Essa pode ser maior ou menor, dependendo da alimentação e da genética do animal.


Como são escolhidas as vacas que vão participar dos torneios?

O organizador do Programa de Melhoramento explica que, em geral, naturalmente, esses animais, se destacam no lote de produção e, a partir daí, começam a receber um tratamento especial para participarem das competições.

Os cuidados incluem banhos regulares, com direito a escovação, ventilação constante (a fim de evitar qualquer possibilidade de estresse térmico) e alimentação balanceada, definida por uma nutricionista. “Elas precisam ingerir uma quantidade x de carboidratos para convertê-los em leite, sem sobrecarregar o fígado dos animais”. Mesmo assim, antes de entrarem na pista de competição, todas as vacas passam por um checkup para confirmar que estão aptas a participarem da disputa. Ao todo, dezesseis vacas participaram do Torneio Leiteiro da Megaleite esse ano. Os vencedores foram premiados com uma motocicleta.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.