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Invasões de terra na Bahia, SP e Paraná acendem ‘sinal de alerta’ em produtores rurais mineiros

Deputados, representantes de entidades de defesa do agro e governo de Minas questionam a legitimidade do movimento; procurada, assessoria do MST informou que não concederia entrevistas

Movimento dos Sem Terra está mais atuante nesse início de ano, já tendo invadido propriedades em três estados

Diante dos episódios de invasões a propriedades rurais, comandadas pelo Movimento dos Sem Terra (MST) na Bahia, Paraná e São Paulo, produtores rurais mineiros e entidades de defesa do agro ligaram o ‘sinal de alerta’. O deputado Coronel Henrique (PL), que é médico veterinário e preside a Frente Parlamentar da Agropecuária, chegou a solicitar à Mesa Diretora da Assembleia a realização de uma Audiência Pública, mas cancelou por falta de fatos concretos a serem debatidos. O presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, disse que os produtores rurais vivem uma sensação de baixa segurança crescente com o aumento da criminalidade no campo, nos últimos anos, e que invasões, se houverem (“tomara que não”) são um ‘caso de polícia’. Assessoria do MST informou que não concederia entrevistas.

“Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Nos dois primeiros meses desse ano foram registradas mais invasões de terra no país do que nos quatro anos do governo Bolsonaro. Por isso, estamos alertas. Achamos que a motivação para esses atos é mais ideológica do que pela necessidade da terra, propriamente dita”, disse o deputado.

De acordo com ele, em Minas não foi registrado nenhum caso de invasão. “Estamos apenas monitorando o tempo todo e abordando o tema de forma preventiva”, explicou. O deputado disse ainda que a prisão do líder dos sem-terra José Rainha pela polícia de São Paulo, acusado de extorsão é, ao mesmo tempo, positiva, mas também preocupa pela possibilidade de retaliações. “O produtor rural quer paz para que possa continuar trabalhando e garantindo a segurança alimentar nesse país”.


“Cerca existe para ser respeitada”, disse o governador Zema

Na semana passada, o governador Romeu Zema (Novo) gravou um vídeo, amplamente divulgado nas redes sociais, dizendo que estava em uma das “600 mil propriedades rurais do estado onde se dividiam micro, pequenos e grandes produtores rurais que alimentam os mineiros, os brasileiros e o mundo. Desde 1º janeiro de 2019, data da minha primeira posse, tenho feito questão de dar paz para o homem do campo através do reforço na segurança rural e da repressão a qualquer tipo de invasão. Cerca existe para ser respeitada. Aqui em Minas não tem invasão”, declarou.

O presidente do Núcleo dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Florido, Marcio Guapo, disse que essa fala do governador Zema deu certa tranquilidade aos produtores. “Ainda estamos preocupados, é claro, Invasão de terra é uma coisa muito ruim, uma agressão muito grande à nossa classe, à nossa história e até à própria Constituição”. Ainda bem que temos o apoio do governo, da Polícia Militar, da Federação da Agricultura e de todos os sindicatos rurais”, disse Guapo.

Antônio Pitangui de Salvo, reiterou a fala do deputado Coronel Henrique de que o homem do campo “só quer trabalhar em paz para continuar alimentando o mundo e garantido a segurança alimentar”. Ele disse ainda que não gostaria de falar sobre “possibilidades” ou especulações e que torce para que não haja conflitos no campo.

A reportagem da Itatiaia procurou o Movimento Sem Terra para comentar as ações do grupo e os planos para os próximos meses. A assessoria nacional do MST não retornou as mensagens e a assessoria do MST em Minas informou que não concederia entrevistas.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.