Assistência técnica e tecnologias mineiras estão sendo exportadas para o Zimbábue, na África. O objetivo é desenvolver a produção de algodão do país, especialmente de agricultores de pequeno porte. O intercâmbio de conhecimentos é parte da Missão de Cooperação entre Brasil e Zimbábue, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de MG (Emater-MG), assim como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig), vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), participam da missão, que se iniciou em 2018. Representantes das duas empresas estaduais já estiveram no Zimbábue para uma visita técnica e diagnóstico da cultura por lá.Agora uma comitiva do país africano, composta por técnicos, pesquisadores, representantes do governo e agricultores locais está de passagem pelo Brasil.
Eles vão visitar áreas de plantio de algodão, especialmente no Norte de Minas, onde muitos agricultores familiares têm tido sucesso na cultura do algodão nos últimos anos. Eles encerram a viagem em Uberlândia, sede da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).
Na última segunda-feira (6), a comitiva do Zimbábue foi recebida na sede da Emater-MG, em Belo Horizonte, acompanhada da representante do consulado do Zimbábue no Brasil, Rutendo Faith Sagwerte. Ela ressaltou que a parceria entre o Brasil e o país africano é uma forma de melhorar a vida da população daquele país, com ações que não ficam apenas no papel, mas são tangíveis.
“É uma forma de traduzir uma relação bilateral muito forte entre esses dois países. O Zimbábue está muito grato por essa ajuda que o Brasil oferece, para mostrar aos pequenos produtores sobre como melhorar a produtividade. Nós também discutimos a importância de expandir o trabalho que tem sido feito no setor do algodão para outras áreas, como a pecuária e recuperação de pastagens”, disse Sagwete. Ela ainda ressaltou que o Zimbábue se sente “em dívida” com o Brasil por ter escolhido ajudar o país especificamente, em todo o continente africano.
A Missão de Cooperação está investindo um total de US$ 1,273 milhão no Zimbábue. Os recursos já foram aplicados na instalação de duas Unidades Técnicas Demonstrativas (UTD) no Centro de Pesquisa do Algodão, na cidade de Kadoma, onde estão sendo testadas a adaptabilidade de variedades de algodão, tanto brasileiras quanto do Zimbábue; outra UTD em Gokwe, num Centro Comunitário. O projeto prevê ainda a compra de equipamentos, insumos para o Zimbábue, além de treinamentos e visitas técnicas.
Expectativa é dobrar a produção de algodão
A Emater-MG participa do projeto desde o início, comenta o coordenador de culturas da empresa, Sérgio Brás Regina. Segundo ele, a produtividade do algodão no Zimbábue ainda é muito baixa, em torno de 600 quilos por hectare. “Acreditamos que, com o pouco que fizemos de intervenção, do ponto de vista tecnológico, de boas práticas de plantio e condução da lavoura, daremos condições para, pelo menos, duplicar essa produtividade em pouco tempo”, enfatiza.
De acordo com Regina, Minas Gerais tem uma cotonicultura bastante avançada, empresarial, que colhe mais de 200 arrobas por hectares, além da retomada da cotonicultura familiar, em regiões como o Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas.
Tracey Maposa é agricultora familiar do Zimbábue e participa da comitiva aqui no Brasil. Ela conta que é viúva e que está se saindo muito bem com a produção de algodão, melhor do que a média dos agricultores. Além do algodão, Maposa ainda produz aves, para complementar a renda. “Estou muito contente de estar no Brasil, isso tem viabilizado meu trabalho com a produção de algodão. Sou muito grata ao governo do Zimbábue por ter me escolhido e ao Brasil também”, complementa.