Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, disse, em entrevista ao jornal O GLOBO que a Petrobras vai retomar a construção de três fábricas de nitrogenados, fertilizantes fundamentais para o setor. Ele lembrou que a pandemia e a guerra na Ucrânia expuseram “as fragilidades do mundo globalizado e nos mostraram a insegurança de não ter fertilizantes”. Segundo o ministro, os insumos têm que ser tratados como questão segurança nacional porque “sem eles, não tem alimento”.
Fávaro disse ainda que o governo vai lançar um programa para converter pastagens degradadas em lavouras. Ele defende juros subsidiados para isso e afirma que, assim, o país poderá aumentar a área plantada em 5% ao ano, sem a necessidade de derrubar árvores. Segundo ele, a ideia é que o programa de recuperação de pastagem seja anunciado no Plano Safra 2023-2024, ainda no primeiro semestre de 2023.
Veja outros trechos importantes da entrevista:
Estratégias para lidar com a fome
Programas sociais são importantes, mas imagine se nós pudéssemos, e vamos colocar em prática, um programa de crescimento da ordem de 5% ao ano de área plantada, recuperando pastagens degradadas. Isso tem efeito, primeiro,no meio ambiente, pois tira pressão sobre novos desmatamentos; e segundo, na geração de emprego, renda e oportunidades.
Equalização de Juros
É necessário equalizar juros para que haja uma taxa de juros atrativa para o setor. A agricultura vive de commodities, de produtos de baixo valor agregado, por isso não tem como pagar Selic. No mundo inteiro, o segmento trabalha com equalizações de custos. Uma pequena equalização de juros, talvez de R $1,5 bilhão, R$ 2 bilhões por ano, do Tesouro, fazer um programa junto ao BNDES, com os bancos privados, os bancos cooperativos que financiem isso. A ideia é estabelecer três anos de carência e 12 anos para amortizar, pagando suavemente, com juros compatíveis, aí tem viabilidade.
Linhas de Crédito
Já existe uma linha de crédito Plano Safra de 7,5% para regularização de áreas de preservação permanente e aquisição ou recomposição de reserva legal. Defendo que a taxa de juros para a recuperação de pastagens seja a mesma. A ideia é que o programa de recuperação de pastagem seja anunciado no Plano Safra 2023-2024, ainda no primeiro semestre de 2023.
Recuperação de Pastagens
Queremos colocar em prática um programa de crescimento da ordem de 5% ao ano de área plantada, recuperando pastagens degradadas. Isso tem efeito, primeiro, no meio ambiente, pois tira pressão sobre novos desmatamentos; e segundo, na geração de emprego, renda e oportunidades.
Crescimento Sustentável
O Brasil tem entre 150 milhões a 160 milhões de hectares de pastagens e, desse total, em torno de 40 milhões de hectares — que é exatamente tudo o que temos plantado hoje — são propícios à agricultura. Se fizermos um crescimento sustentável de 5% ao ano, significa que, em 20 anos, vamos dobrar a área plantada sem derrubar uma árvore sequer.
Ataques em Brasília
A imensa maioria dos homens e mulheres que produzem alimento no campo, nesse país, é gente do bem, que cumpre sua função. Mas há uns poucos, que infelizmente, participaram da promoção desses e de outros atos de vandalismo (já temos provas) que são muito barulhentos e utilizam uma estrutura, uma máquina privada, muito forte, com recursos, o que tem que ser combatido com austeridade.
Respeito às Leis
Vamos mostrar que quem quiser produzir com sustentabilidade, com respeito às leis sociais de inclusão, terá todas as oportunidades. Agora, quem insistir no modelo de “passa boiada” das facilidades e não ficar atento à lei, aí sofrerá os rigores da lei, para que outros possam prosperar dentro da lei. Somos esse grande produtor de alimentos porque temos o maior de todos os ativos, que é o clima.
Plano Nacional de Fertilizantes
Temos um Plano Nacional de Fertilizantes, que vamos dar continuidade. O presidente Lula já determinou ao meu colega ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira) que um dos programas que a Petrobras dará continuidade é às plantas de produção de nitrogenados, que foram começadas e paralisadas. A proposta é estruturar, ver o que precisa para terminar para que elas fiquem prontas para fornecer nitrogenados. Nós queremos investir em tecnologia,na busca por fosfatados, que têm um pouco no Brasil, e também por cloreto de potássio.
Jazida de Cloreto de Potássio
Nós temos em Autazes (AM), por exemplo, uma jazida fora de reserva indígena, claro, a 10 ou 15 quilômetros - tão grande quanto as jazidas canadenses de produção de cloreto de potássio. E uma logística muito boa, porque tem barcaças ali passando, tem os portos do arco Norte. Agora, o desafio é como licenciar isso. Já existe lá fora a mesma tecnologia: respeitar o meio ambiente, mas poder ter esse produto à disposição da agropecuária brasileira.