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Israelenses desenvolvem galinhas que podem ‘salvar’ bilhões de pintinhos de serem triturados vivos ao nascer

Pesquisadores de Israel editaram geneticamente as aves para que elas coloquem apenas ovos ‘fêmeas”, impedindo o abate de de pintinhos machos por não terem valor comercial

Pintinhos são condenados à morte por terem nascido com o “sexo errado”

Quando um pintinho sai do ovo, tem coração, sistema nervoso e pulmões. Logo depois do nascimento já é capaz de comer sozinho e sair andando atrás da mãe. No entanto, se ele for um pintinho macho da linhagem de avicultura de postura, ou seja, o tipo de ave usado na indústria para botar ovos e não para ser vendida por sua carne, provavelmente será jogado numa espécie de triturador assim que nascer e seu sexo for identificado. De acordo com Embrapa, esse é o destino de cerca de 6 milhões de pintinhos por mês, no Brasil, considerando que aproximadamente 50 a 52% dos ovos férteis incubados darão origem a pintos machos.

A indústria cria dois tipos de animais: de postura, que botam ovos, e a de frangos de corte, criados para serem mortos e comidos. Os machos da linhagem de postura não botam ovos e ao mesmo tempo são considerados inadequados para corte porque demoram mais a ganhar peso e não ficam do tamanho de um frango típico para o abate.

A morte e o descarte de pintos machos logo após o nascimento é prática comum na produção de alimentos em todo o mundo. No Brasil, não há um método estabelecido por normas do Ministério da Agricultura. No entanto, a maceração mecânica, espécie de trituração, é o mais adotado em todo o mundo.

Essa semana, o cientista Yuval Cinnamon, do Instituto Volcani, localizado nas proximidades de Tel Aviv, informou à BBC News que o desenvolvimento do que ele chama de “galinha Golda” terá um grande impacto no bem-estar animal na indústria avícola. “Estou muito feliz por termos desenvolvido um sistema que pode revolucionar a indústria, em primeiro lugar para o benefício das aves, mas também para o nosso, porque essa é uma questão que afeta todas as pessoas no planeta”, disse ele. A pesquisa foi apoiada pelo grupo de defesa do bem-estar animal, Compassion in World Farming (CIWF).

Os cientistas editaram geneticamente o DNA das galinhas que podem interromper o desenvolvimento de qualquer embrião macho. O DNA é ativado quando os ovos são expostos à luz azul por várias horas. Os embriões de fêmeas não são afetados pela luz azul e se desenvolvem normalmente, não apresentando material genético adicional dentro deles. “Os agricultores vão receber os mesmos pintinhos que recebem hoje, e os consumidores vão receber exatamente os mesmos ovos que recebem”, disse.

“A única pequena diferença no processo de produção é que os ovos serão expostos à luz azul.” A equipe de Cinnamon ainda não publicou a pesquisa porque planeja licenciar a tecnologia por meio de sua empresa associada, a Huminn Poultry. Por esse motivo, cientistas independentes do grupo de pesquisa não foram capazes de avaliar o estudo. Mas a equipe israelense trabalhou em conjunto com a organização britânica de bem-estar animal CIWF, cuja equipe visitou a empresa e acompanhou a pesquisa por três anos.


Próximos Passos

O principal assessor de política do grupo, Peter Stephenson, disse que a inovação pode ser uma “evolução realmente importante” para o bem-estar animal. “Normalmente, sou muito cauteloso em usar edição genética de animais de fazenda. Mas este é um caso excepcional, e eu e meus colegas da CIWF apoiamos”, disse.

‘O próximo passo é ver se a galinha e as fêmeas que ela produz, que vão colocar ovos para consumo humano, terão uma vida útil comercial sem que surjam problemas inesperados de bem-estar.’'

Atualmente, está em tramitação no Parlamento do Reino Unido uma legislação que permite a edição limitada de genes para a agricultura comercial. Acredita-se que, caso o projeto de lei seja aprovado no início do próximo ano, as regulamentações sejam flexibilizadas gradualmente, permitindo que a tecnologia seja usada no início apenas para plantas. A edição genética é vista pelo governo como mais publicamente aceitável do que a técnica mais antiga de modificação genética.


Diferença entre ‘edição e modificação’ genética

A edição genética envolve o controle de genes pela remoção do DNA, enquanto a modificação genética adiciona DNAs de outra espécie. A CIWF estima que cerca de sete bilhões de pintinhos machos são abatidos pela indústria de produção de ovos todos os anos, logo após o nascimento, porque não têm valor comercial. O processo também é trabalhoso para as empresas, que precisam separar os machos das fêmeas manualmente logo após o nascimento. O governo alemão proibiu o abate em massa de pintinhos machos no início deste ano. E os franceses têm propostas semelhantes, previstas para começar no início do ano que vem.

Prática no Brasil

No Brasil, segundo ativistas da causa animal, a indústria agropecuária continua podendo cometer práticas cruéis contra animais, como a trituração, sem insensibilização, de pintinhos vivos logo após o seu nascimento.

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