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Família investe em conhecimento sobre cafés especiais e coleciona prêmios

Os irmãos Fabiano e Josiane comandam a produção e já vendem o produto para Japão, Dinamarca e Alemanha

Os irmãos Fabiano e Josiane investiram em conhecimento, fizeram vários cursos e, hoje, colecionam prêmios

Uma família de cafeicultores de Manhuaçu está colecionando prêmios com o café batizado de Alto da Serra. Só esse ano já foram 10! Na última Semana Internacional do Café, realizada em novembro, mais uma leva de bons resultados e premiações. O produto ficou em segundo lugar no 6º Cupping de Cafés Especiais do ATeG Café+Forte, na categoria cereja descascado. Com 86 pontos, tem corpo cremoso, doçura e notas sensoriais de rapadura, frutas amarelas, mel e abacaxi.

A entrada no mundo dos cafés especiais aconteceu graças ao empenho dos irmãos Josiane e Fabiano Diniz, que fizeram cursos de formação profissional rural e ingressaram em programas de assistência técnica. A lista das conquistas inclui ainda outras premiações. O café Alto da Serra conquistou os primeiros lugares em duas competições, a Golden Cup, da Fairtraide Brasil (@brfair_) e o concurso de qualidade Origens da Cafebras. Este último campeão foi vendido por R$ 5 mil e vai ser comercializado, em breve, como drip coffe.

Os irmãos também ficaram entre os 50 melhores produtores de cafés do Brasil, no concurso Coffee of the Year. “Não estou apenas colecionando troféus, adquiri motivação para buscar mais conhecimento e superar minhas metas e expectativas”, disse Fabiano. Já participou de cursos de Classificação e Degustação de café, Torra e Barista. Ele destacou que os cursos o ajudam em todas as etapas, desde o manejo na lavoura até o café chegar na xícara.

“Se eu não soubesse classificar, eu não saberia qual café é o melhor; se eu não soubesse torrar, estragaria um bom café nesse processo; e, se eu não soubesse preparar, com os ensinamentos de barista, estragaria tudo na hora de servir a bebida. Por isso aproveito todo o conhecimento para produzir o melhor café”.

A cafeicultura faz parte da vida da família Diniz há quatro gerações, mas só nos últimos anos a produção de cafés especiais foi assimilada e ‘abraçada’ por eles. A primeira a se interessar pelo novo processo foi Josiane Diniz, de 21 anos. Na sequência, o irmão Fabiano Diniz, de 26 anos, trocou o emprego de caminhoneiro pelo sonho do café especial.

Desde 2016, os irmãos estão focados nessa missão, com o incentivo e o apoio dos pais Josias e Claudineia Diniz e do avô, Adão Diniz, que aos 84 anos segue firme no trabalho no campo. Mas a comercialização dos grãos de qualidade superior do café Alto da Serra só começou mesmo em 2019.

“Nasci no meio do café. Meu pai era comprador, na época. Saí porque a atividade não me interessava muito. Trabalhei como motorista de caminhão por três anos, carregando café e insumos. Um dia pensei: ‘se for para trabalhar com café, que seja com o meu’. E voltei para casa com a intenção de fazer algo diferente, que foram os cafés especiais”, relatou Fabiano.

O entusiasmo do irmão contagiou a irmã, que já estava desanimada e tendendo a seguir os passos da família apenas com o café tradicional. Mas, além do trabalho diferenciado no processo de colheita e pós-colheita, os irmãos também precisavam aprender sobre o funcionamento do mercado de cafés especiais. “Passei a ler e pesquisar muito sobre esse assunto na internet. Na primeira safra não vendi nada. Na segunda, em 2019, consegui vender uma saca e meia por um preço três vezes acima do tradicional. Em 2020 foram 30 sacas. Em 2021 consegui me destacar em concursos e abrir novos mercados”.

O café Alto da Serra foi ainda o segundo colocado no Torneio Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup, com nota 86,95, e o quarto melhor café do estado da região das Matas de Minas no concurso de qualidade realizado pela Emater, com 89,79 de pontuação. Com tantos prêmios, o café de Fabiano e Josiane ganhou o mundo e, hoje, é comercializado para o Japão, Dinamarca e Alemanha.

Grande parte dessas vendas foi feita pelas redes sociais. Fabiano usa as plataformas para divulgar o produto e os bastidores da agricultura familiar, referência da região das Matas de Minas. Assim, consegue alcançar potenciais compradores e fazer bons negócios.

Investimentos

Atualmente a família Diniz está investindo no plantio de variedades exóticas. O foco é fazer com que 100% da produção, cerca de 500 sacas, seja de cafés especiais e cada vez mais sustentável, investindo em equipamentos que economizem água e adotando o uso do sistema de energia solar. “Queremos gastar o mínimo para produzir o máximo em qualidade e quantidade”, concluiu Fabiano.

(*) Com informações da FAEMG.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.