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China sinaliza interesse na produção brasileira de amendoim

País, que é o maior consumidor da oleaginosa do mundo, concedeu autorizações de negociação a 47 empresas brasileiras do setor

Você conhece alguém que planta amendoim? É pouco provável. De fato, não é uma cultura tradicional no estado, representando apenas 2,7% do total da produção nacional, atrás de São Paulo com 93% e de Mato Grosso do Sul com produção que oscila em torno dos 3%. A principal região produtora em Minas é o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, responsável por 96% da produção estadual em 2021, segundo dados do IBGE, compilados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA).

Mas uma notícia pode animar novos produtores. O MAPA concluiu as etapas técnicas necessárias para as exportações brasileiras da oleaginosa. A China deve ser um dos principais clientes, já tendo concedido autorizações para 47 empresas brasileiras do setor. O país é o maior consumidor do mundo, importando, anualmente mais de USD 800 milhões do produto. De janeiro a maio de 2022, foram 248.150.853 quilos do produto.

A abertura do mercado chinês para o amendoim brasileiro faz parte de um pacote de avanços alcançados nas negociações bilaterais neste ano, possivelmente o mais importante em mais de uma década. “Isso mostra que a nossa segunda safra, que é do amendoim, do gergelim e do sorgo, começa a ter espaço nas nossas exportações”, destaca o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes, acrescentando que a abertura do novo mercado irá propiciar ampliação das exportações do produto, geração de empregos e renda no Brasil.

Além do amendoim, há expectativa de finalização ainda este ano das negociações para exportações do gergelim e do sorgo. Foram também concluídas as negociações para exportações do farelo e da proteína de soja, bem como de polpa cítrica, que podem ser exportadas dentro de poucas semanas.

Com a abertura do mercado chinês para o amendoim brasileiro, o Brasil chegou a 43 novos mercados abertos para produtos agropecuários até setembro deste ano. Desde 2019, o número de mercados abertos chegou a 229, em um total de 54 países, sendo 26 asiáticos, 19 americanos, oito africanos e um na Oceania. O Mapa trabalha ainda para a autorização, em breve, das vendas de uvas ao mercado chinês, assim como de farinhas de aves e de suínos.

Amendoim no Brasil

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), obtidos por meio do ComexStat, em 2021, o Brasil exportou o equivalente a US$ 330,5 milhões do produto (256,6 mil toneladas). As exportações brasileiras têm como principal destino os países do bloco europeu.

RANKING NACIONAL

1º São Paulo: 757,8 mil toneladas, participação de 93% no total nacional;

2º Mato Grosso do Sul: 22,3 mil toneladas, participação de

3º Minas Gerais: 21,5 mil toneladas. Área em produção 8,8 mil hectares. Produtividade 2.454 kg/ha

Fonte: IBGE

RANKING ESTADUAL

  • Frutal 9,0 mil toneladas

  • Limeira do Oeste: 5,4 mil toneladas

  • Iturama: 1,9 mil toneladas

  • São Francisco de Sales: 1,8 mil toneladas

  • Carneirinho: 1,3 mil toneladas

Fonte: IBGE

Flores pequenas e amareladas

A planta do amendoim é uma herbácea, com caule pequeno raiz aprumada, medindo entre 30 e 50 cm de profundidade. As flores são pequenas e amareladas e, depois de fecundadas, penetram no solo, com a ajuda de uma estrutura denominada ginóforo e de um fenômeno conhecido como geocarpia, onde os legumes se desenvolvem subterraneamente. O fruto é uma vagem.

Algumas variedades produzem grãos com uma grande quantidade de lipídios (de 45 a 50% de lipídios) e têm sido utilizadas para a fabricação de óleo de cozinha. Na África, o amendoim é moído e utilizado em vários pratos da culinária local.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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