Na pista principal da 39ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, no Parque da Gameleira, acontecem competições o dia todo. O diretor do Colégio de Jurados da ABCCMM, Carlos Augusto Sacchi, explicou que “na Nacional” várias provas diferentes são julgadas. No primeiro dia, as primeiras foram as Provas de Progênie que envolvem sempre um “pai jovem” e um “pai adulto”. As chamadas progênies são os filhos de uma determinada égua ou cavalo. Então, várias éguas disputam o campeonato de progênie de mãe e vários cavalos disputam o campeonato de progênie de pai. A premiação é para as “famílias” e não para um único cavalo ou égua.
Os árbitros avaliam a qualidade da morfologia (conformação) e da marcha. O resultado é obtido pela média de todas as pontuações e sai na hora. O DJ solta a “música da vitória” e cavalos e cavaleiros recebem seus troféus. É uma festa! Toda a equipe, dono dos animais, treinadores, adestradores e tratadores se abraçam e comemoram.
Sacchi explica que a “Nacional” é como se fosse a Copa do Mundo para os cavalos. Para que eles possam participar, precisam passar por vários eventos regionais, estaduais e terem sido campeões nessas instâncias. As vitórias pregressas são como uma credencial para a grande competição. “Ganhar aqui é como ganhar o título máximo. O passe do animal torna-se super valorizado”.
Concursos de Marcha
Nessa categoria, os árbitros montam em todos os animais e avaliam seus gestos de marcha, a qualidade da comodidade (principal atributo da raça), o adestramento, o rendimento (tamanho das passadas), o estilo do cavalo (nobreza) e a regularidade da sua apresentação.
Hoje (19) estão previstos os julgamentos dos animais jovens, aqueles que ainda não são montados. Eles são julgados na marcha e na morfologia. Já os animais adultos precisam fazer também as Provas Funcionais que utilizam porteira, baliza, salto e tambor, num total de dez figuras. “É muita coisa e ainda nem falamos das provas esportivas que acontecem em outro espaço no parque em
pista coberta”, explicou Sacchi.
Ele lembra que as provas, de um modo geral, exigem muito dos animais que precisam ser verdadeiros atletas. São treinados constantemente e recebem suplementação alimentar e fazem condicionamento físico com uma espécie de “personal trainer”. O criador Yuri Engler, do haras Yuri, que fica em Sete Lagoas, teve seu conjunto Progênie de Mãe, premiado logo no primeiro dia. A égua “Banda do Yuri” foi a vencedora competindo com as filhas “Eva do Yuri e “Elite do Yuri”. “Nessa prova, as filhas competem, mas quem ganha é a mãe”, explicou o criador. Além do conjunto todo ser bom, elas têm que parecer entre si, tanto na marcha, quanto na morfologia.
Yuri disse que a vitória não o surpreendeu porque o conjunto todo já vinha muito bem. Foi Campeão Brasileiro de Marcha e Campeão na última Exposição Nacional do Criador. Yuri trouxe 25 animais para competir na Gameleira e disse que todos têm tratamento vip, com uma equipe multidisciplinar: o treinador que monta o animal e treina-o para a marcha; o treinador de morfologia, que cuida da beleza de seus gestos, os que fazem o trabalho aeróbico para melhor condicionamento cardio-vascular e ainda um quarto treinador que os leva para a piscina para que façam uma espécie de hidroginástica.
Após um período intenso de treinos, os cavalos-atletas passam por um banho de gelo, da mesma forma que os jogadores profissionais. É que a água muito gelada contrai os vasos sanguíneos e diminui a circulação, atuando como analgésico e antiinflamatório. Na hora de dormir, eles são vestidos com uma capa que, por dentro é feita de lã ou feltro, e por fora, de nylon ou algodão. A roupa é para que não sintam frio à noite e também para deixar o pelo mais bonito. “Fica fininho e brilhante”, explicou Yuri.