O submarino Titan, que sofreu uma implosão quando submergia rumo a uma visita aos destroços do Titanic, tinha uma janela de visualização “minúscula” e bem menor do que seu projeto, aparentemente, previa.
A observação foi feita pelo engenheiro naval Thiago Pontin Tancredi, para quem o fato indica falta de preparo da companhia responsável pela embarcação, a empresa norte-americana OceanGate.
“Se observarmos vídeos promocionais da empresa em relação a esse submarino, vamos perceber que ele tinha toda a parte frontal transparente, de algum material transparente como vidro ou acrílico”, disse Tancredi, que é professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista à CNN.
“Isto mostra que essa empresa, desde o início do projeto, desconhecia aspectos técnicos mais fundamentais do que se propunha. Porque, se você olhar as imagens reais, a janelinha de visualização dos destroços é minúscula. Deve ter no máximo uns 30 centímetros de raio. Isto mostra a diferença entre o que eles idealizavam fazer e o que acabou sendo uma solução viável do ponto de vista da engenharia.”
“É como tentar amassar um copo de vidro”
Tancredi explica que as conclusões acerca de como ocorreu a implosão que destruiu o Titan e vitimou seus passageiros vão depender do estado dos destroços encontrados.
De acordo com ele, o mais provável e o que tem sido indicado pelas equipes de busca da Marinha norte-americana é que o casco esteja em destroços, e não em uma peça única ou em peças grandes amassadas, o que é mais comum nos acidentes com submarinos feitos de aço.
“O Titan tem um projeto totalmente diferente (…). Ele é feito de fibra de carbono, que é um material não dúctil”, explicou o engenheiro naval.
“Então ele provavelmente não vai amassar; vai fraturar e quebrar em vários fragmentos, e é por isso que a Marinha tem usado o termo ‘implosão catastrófica’. É como tentar amassar um copo de vidro. Você não vai conseguir, ele vai quebrar.”