Entre a ponta mais ao Sul da
O perigo existe porque o Oceano Austral não tem ‘paredes’ naturais, permitindo que os ventos deem a volta ao planeta sem barreiras, o que gera correntes muito fortes. Além disso, a região é sísmica, aumentando os riscos. A oceanógrafa Karen Heywood contou que, nos navios que cruzam o estreito, “cada objeto precisa ser fixado com mantas adesivas, porque o movimento é tão forte que até os pratos podem sair voando”.
O nome homenageia o corsário inglês Francis Drake, do século XVI, mas quem fez o primeiro cruzamento registrado foi o holandês Willem Schouten, em 1616.
Importância para o clima
Sob as águas da Passagem de Drake passa a corrente circumpolar antártica, a maior do mundo. Ela conecta o Atlântico, o Pacífico e o Oceano Austral, transportando calor, nutrientes e carbono. Esse processo ajuda a retirar da atmosfera cerca de 600 milhões de toneladas de carbono por ano, o equivalente a 1 sexto do que os humanos emitem, tornando a região uma das mais eficazes do planeta no combate ao aquecimento global.
Segundo o jornal The New York Times, a abertura geológica do estreito, milhões de anos atrás, também isolou termicamente a Antártida, transformando-a no continente gelado que existe hoje.
Biodiversidade
A Passagem de Drake é essencial para o plancton, base da cadeia alimentar que sustenta animais como pinguins, focas e baleias. O oceanógrafo Alberto Naveira Garabato explicou que essa riqueza biológica é resultado direto da força das correntes.
Exploradores que atravessam o local relatam que, depois de enfrentar dias de mares revoltos e nevoeiros, o encontro com golfinhos, pinguins e baleias na chegada à Antártida é uma experiência única.