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O que acontece no seu cérebro ao ouvir música de terror em um filme; entenda

Pesquisas mostram que sons dissonantes, graves e imprevisíveis ativam as mesmas áreas cerebrais do medo real

Na icônica cena do chuveiro de ‘Psicose’, os violinos agudos criados por Bernard Herrmann substituíram o silêncio e marcaram a história do gênero

Estudos recentes revelam como a música de terror consegue manipular emoções e provocar reações físicas reais no público. Dissonâncias, frequências baixas e ritmos inesperados fazem o cérebro reagir como se o perigo fosse verdadeiro, acelerando o coração e ativando o instinto de alerta.

Clássicos como ‘Psicose’ e ‘Halloween’ são exemplos de como a música se torna um personagem à parte no cinema de horror. Na icônica cena do chuveiro de ‘Psicose’, os violinos agudos criados por Bernard Herrmann substituíram o silêncio e marcaram a história do gênero, imitando o grito humano e orquestrando o pânico dos espectadores.

Como o cérebro reage a sons nos filmes de terror

De acordo com neurocientistas, os instrumentos que recriam sons 'ásperos’, semelhantes a gritos, ativam a amígdala região do cérebro que processa o perigo. Mudanças bruscas de ritmo, ruídos inesperados e melodias densas são percebidos como sinais de ameaça, despertando reflexos automáticos e aumentando a tensão corporal.

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Segundo a Scientific American, há duas estratégias principais nas trilhas de terror: o suspense gradual e o medo intenso. Enquanto o suspense cria ansiedade com sons sutis e imprevisíveis, o terror direto aposta em composições mais densas, com vários instrumentos simulando gritos simultâneos, gerando uma sensação de caos iminente.

Origem biológica

Especialistas afirmam que as reações ao som do medo vêm da evolução: ruídos graves e dissonantes, na natureza, anunciam desastres como tempestades ou terremotos. No cinema, esses elementos são usados para confundir o cérebro e intensificar o desconforto. Além disso, o uso de melodias familiares distorcidas, um recurso chamado ‘vale inquietante’, cria estranhamento e reforça o clima de ameaça.

Segundo os pesquisadores, a força da música de terror está em frustrar as expectativas do público. Quando o som foge da lógica previsível, o cérebro entra em alerta. Essa combinação de técnica artística e reação biológica faz da trilha sonora um instrumento preciso para manipular emoções.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.