A esporotricose, uma micose subcutânea comum em regiões tropicais e subtropicais, é causada por um fungo que provoca lesões na pele e nas mucosas oral e ocular. No Brasil, a espécie Sporothrix brasiliensis é a mais transmitida, principalmente por arranhões e mordidas de gatos infectados, sendo mais grave em pacientes imunodeprimidos.
O clima quente e a capacidade do Sporothrix de infectar hospedeiros de sangue quente, somados à sua alta virulência, criaram um ambiente propício para a proliferação da doença. Além disso, o grande número de gatos e a carência de um sistema de notificação robusto contribuíram para a alta incidência.
Vinte e seis dos 27 estados brasileiros já confirmaram diagnósticos de esporotricose, com o Rio de Janeiro sendo considerado o epicentro. Em 2023, foram registrados 1.239 casos no País, e até junho de 2024, mais 945 casos foram notificados, configurando uma epidemia. Apesar de o tratamento estar disponível no SUS, a doença ainda é subdiagnosticada; a notificação de esporotricose tornou-se obrigatória somente este ano.
Pesquisadores da USP publicaram um artigo para alertar sobre a reemergência da doença. Carlos Aguiar, médico veterinário e doutorando da Esalq/USP, ressalta ao Jornal da USP que “As doenças fúngicas, de forma silenciosa, vêm se tornando um problema, e são subestimadas em relação às doenças bacterianas e virais”. A ausência de vacinas e a limitação de antifúngicos, que no caso da esporotricose exigem de três a seis meses de tratamento, agravam a situação.
* Texto produzido com informações do “Jornal da USP”
