Entenda como funciona o golpe do entregador de presente falso

Uma fraude baseada em engenharia social que combina vazamento de dados pessoais com manipulação presencial para realizar transações bancárias indevidas

Golpe do entregador de presente falso

Trata-se de uma fraude que combina uso indevido de dados pessoais com abordagem presencial, explorando o fator emocional para provocar prejuízos financeiros. Diferente de esquemas totalmente digitais, esse golpe acontece cara a cara e se aproveita de datas comemorativas, especialmente aniversários, para ganhar credibilidade.

A dinâmica é simples: a vítima é informada de que recebeu um presente surpresa, flores, chocolates ou cosméticos, supostamente enviado por alguém próximo. Para liberar a entrega, o falso entregador cobra uma taxa simbólica. É nesse momento que ocorre o golpe, geralmente por meio de maquininhas de cartão adulteradas, aplicativos falsos ou troca do cartão da vítima.

Como a fraude é estruturada

Do ponto de vista técnico, o golpe mistura engenharia social presencial com práticas comuns de vishing e uso de dados vazados. Informações como nome, endereço, telefone e data de nascimento são obtidas em bancos de dados ilegais e usadas para tornar a abordagem convincente.

O sucesso do esquema depende da criação de um ambiente emocional favorável. A surpresa positiva reduz a desconfiança da vítima, que tende a aceitar a cobrança sem questionar. O criminoso se aproveita desse momento para realizar cobranças muito superiores ao valor informado, sem que a vítima perceba.

Etapas do golpe do presente falso

A execução costuma seguir um roteiro bem definido:

  1. Levantamento de dados e contato inicial

    Os criminosos identificam possíveis vítimas a partir de vazamentos de dados. Em alguns casos, fazem contato prévio por telefone ou aplicativo de mensagens para confirmar o endereço e avisar sobre a entrega, mencionando uma taxa de transporte pendente.

  2. Entrega presencial do item

    Um motoboy chega ao local com um presente real, o que reforça a sensação de legitimidade. O comportamento costuma ser apressado, com o objetivo de evitar questionamentos.

  3. Imposição do pagamento por cartão

    Ao ser oferecido dinheiro, o entregador recusa, alegando regras internas ou ausência de troco. Insiste que o pagamento precisa ser feito por cartão para registrar a entrega no sistema.

  4. Fraude na transação

    O golpe se concretiza de diferentes formas:

    • visor da maquininha danificado ou encoberto;
    • valor digitado muito acima do combinado;
    • uso de aplicativos que simulam cobranças baixas;
    • troca do cartão da vítima durante a distração.

Indícios de golpe

Alguns sinais se repetem com frequência e ajudam na identificação da fraude:

  • tentativa de ocultar o valor exibido na maquininha;
  • recusa absoluta de pagamento em dinheiro;
  • ausência de informações claras sobre o remetente do presente;
  • alegação de erro na transação para repetir a cobrança.

Impactos financeiros e como se proteger

A recuperação do dinheiro costuma ser difícil, já que as transações são feitas com cartão, chip e senha, o que inicialmente pode ser interpretado pelos bancos como operação regular. Mesmo assim, é fundamental registrar boletim de ocorrência e contestar a compra.

Entre as principais medidas de prevenção estão:

  • não pagar taxas por entregas que você não solicitou;
  • conferir sempre o valor exibido antes de digitar a senha;
  • manter alertas do aplicativo bancário ativados;
  • evitar entregar o cartão físico a terceiros, priorizando pagamentos por aproximação quando possível.

Perguntas frequentes

O banco é obrigado a devolver o valor?

Não necessariamente. Como há uso de senha, o estorno não é automático, mas a vítima pode contestar a transação e apresentar registro policial.

Como os criminosos sabem informações pessoais?

Esses dados costumam vir de vazamentos massivos que circulam ilegalmente na internet e são usados para aplicar golpes direcionados.

É possível ficar com o presente sem pagar?

Na maioria dos casos, não. O entregador faz parte do esquema e se recusa a deixar o item sem a cobrança. A atitude mais segura é não receber o presente.

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Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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